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Os imbecis da internet: ontem, hoje e amanhã

A era digital consagrou a ignorância como espetáculo e transformou os piores exemplos em ídolos de milhões

Colunista

Biguaçu

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Jornais em Foco

Foto: Carga de livro espalhada depois de um acidente não atrai pessoas para recolhê-los (Foto Divulgação)

Por Decio Baixo Alves

Há pouco mais de 15 anos, eu escrevia aqui em Biguaçu sobre um fenômeno que começava a tomar corpo: pessoas sem preparo, sem estudo, mas com acesso à internet, que espalhavam inverdades, difamações e fake news em escala impressionante. Na época, não tive dúvida em chamá-los de “os imbecis da internet”. E hoje, ao observar a realidade das redes sociais, percebo que a definição não apenas continua atual, como se multiplicou em proporções ainda mais preocupantes.

A prisão recente de influenciadores como Ítalo e outra figura de São Paulo, que se tornaram famosos publicando absurdos, expõe o retrato de uma geração digital que se perdeu entre curtidas, seguidores e monetização. Basta olhar os números: milhões de pessoas acompanham esses personagens, que em nada contribuem para o crescimento pessoal, cultural ou intelectual dos jovens que os seguem. Pelo contrário, espalham besteiras, normalizam condutas questionáveis e, muitas vezes, ilegais.

O que impressiona não é apenas a imbecilidade dos conteúdos, mas a multidão que os consome. Esse fenômeno mostra como a internet, em vez de abrir espaço para o conhecimento, deu palco e microfone para a mediocridade. O resultado? Pessoas sem nada a oferecer transformaram-se em milionários, influenciando negativamente gerações inteiras.

E aqui cabe um alerta aos pais: é preciso vigiar o que seus filhos acompanham nas redes. Do contrário, corre-se o risco de formar adultos vazios, sem senso crítico, que confundem fama com relevância e entretenimento raso com sabedoria.

O Brasil tem dado sinais claros dessa crise cultural. Um exemplo recente ilustra bem: um caminhão carregado de livros tombou em uma rodovia, espalhando exemplares pela estrada. Ninguém parou para recolhê-los. Se fosse um carregamento de cerveja, certamente haveria disputa pelo saque. Essa cena revela, de forma simbólica, o quanto o conhecimento foi desprezado em nossa sociedade.

A verdade é dura: a imbecilidade na internet não apenas continua, como virou negócio. E enquanto houver quem siga, curta e compartilhe, haverá quem lucre com a ignorância. Infelizmente, o país que deixa livros abandonados na estrada é o mesmo que coloca no topo da fama aqueles que não têm nada a ensinar.