Por  Professor Miguel João Simão

Escritor e Pesquisador

Ninguém melhor para usar da inteligência e da capacidade, para transformar o torrão onde nasceu num município. Tinha que conhecer muito sua terra e sua gente, ver de perto as dificuldades dos irmãos nativos, pobres pescadores e agricultores que viviam isolados do progresso. Miguel Flor, um gancheiro nato, que desde cedo soube ouvir e aprendeu com os mais velhos a ver o mundo igual para todos. Foi assim que sonhou e desta forma saiu à luta.

Era um comerciante bem instalado em Canto dos Ganchos, proprietário de embarcações e com uma freguesia consolidada, o que não o levava a depender da política.

Mas, foi exatamente por ver o descaso do governo da Comarca com sua terra, que o levou a entrar na política, sonhando em fazer desta terra uma cidade independente, que no futuro pudesse ter prefeitos, vereadores que abrissem espaços ao comércio, à indústria, à pesca, à agricultura e principalmente ao turismo.

Eleito Vereador por Biguaçu em 1962, como representante de Ganchos, Miguel Flor tornou-se presidente do Legislativo, o primeiro homem de Ganchos a presidir o Legislativo biguaçuense e o segundo vereador eleito das terras de Ganchos, pois o primeiro gancheiro a assumir uma Cadeira no Legislativo de Biguaçu foi Avelino Francisco Baldança, popular Italiano, eleito no ano de 1950.

Por diversos projetos que apresentou na Câmara municipal, o mais importante foi o projeto que visava a emancipação do Distrito de Ganchos. Foi uma luta, muitas conversas, muitos adversários que ficavam puxando para trás.

Miguel venceu os obstáculos e, em abril de 1963, consolidou seu projeto, sendo aprovado por maioria absoluta, e levado à Assembleia Legislativa do Estado, em 06 de novembro, o presidente da casa, deputado Ivo Silveira, sanciona a Lei que cria o município de Ganchos.

A coroação do pai da emancipação de Ganchos deu-se em quase dois anos depois, em 03 de outubro de 1965, quando o povo o reconheceu e o elegeu o primeiro prefeito do recém-criado município.

A emancipação não apenas cravou o nome de Miguel Flor para toda vida como o pai da emancipação de Ganchos, mas abriu espaço para o crescimento de uma cidade, que aos poucos foi crescendo, tomando jeito, administrada por Miguel e por outros que o sucederam ao cargo.

Foram 10 homens, nesses 62 anos que tiveram a oportunidade de passar pelo executivo municipal, deixando suas marcas, executando obras e ações em prol do nosso povo e da nossa gente. Tudo isso graças a ousadia de Miguel Pedro dos Santos, conhecido pelo apelido de Miguel Flor, que usou da oportunidade pois estava no mandato de vereador para honrar os votos que recebeu, com um projeto sério e bem-sucedido a favor da terra onde nasceu.