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De estuprador a pregador: Daniel Alves e a moral que não existe

Condenado por estupro na Espanha, ex-jogador agora se apresenta como pastor; palavras não substituem atitudes, e exemplo se dá com ações, não discursos.

Colunista

Biguaçu

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Foto: Pastor de Araque: de estuprador condenado a pastor para "inglês ver" (Foto Divulgação)

Por Décio Baixo Alves

Daniel Alves, ex-jogador de futebol de renome internacional, agora busca ocupar um espaço que exige autoridade moral e exemplo: o púlpito. Recentemente, foi filmado pregando em uma igreja evangélica, afirmando ter encontrado a fé e motivando os fiéis a seguir os caminhos de Deus. O problema? A trajetória de Daniel Alves antes disso coloca em xeque toda a sua legitimidade.

Em dezembro de 2022, ele foi acusado de estupro por uma jovem de 23 anos em uma boate de Barcelona. Em fevereiro de 2024, foi condenado a quatro anos e seis meses de prisão. Passou 14 meses preso preventivamente antes de ser libertado mediante fiança. Em março de 2025, o Tribunal Superior de Justiça da Catalunha anulou a condenação alegando inconsistências no processo, mas isso não apaga a gravidade dos fatos, nem a necessidade de reflexão sobre ética e responsabilidade.

Agora, Daniel Alves surge como pastor, pregando sermões e tentando transmitir mensagens de fé. Mas aqui entra a questão fundamental: que autoridade moral tem alguém com histórico de condenação por agressão sexual para pregar sobre valores, ética e moralidade?

A liderança espiritual exige mais do que palavras bonitas. Exige atitudes que comprovem transformação, reparação, reconhecimento de erros e compromisso com os valores que se prega. Até o momento, não há qualquer evidência de que Daniel Alves tenha buscado reparar o dano à vítima, pedir desculpas ou mostrar mudanças concretas em sua conduta. Transformar-se em pastor sem tais atitudes soa mais como uma encenação do que uma verdadeira missão espiritual.

O púlpito é lugar de responsabilidade, exemplo e credibilidade. E essas qualidades se conquistam com atitudes, não discursos. A absolvição judicial não substitui a ética, nem transforma automaticamente alguém em modelo de moralidade. Palavras não adiantam; exemplos sim.

Portanto, o que Daniel Alves está oferecendo ao público? Uma narrativa de redenção baseada em falas, sem evidências de transformação real. E o mais preocupante: há um risco de enganar fiéis e admiradores que buscam orientação espiritual sincera. Até quando o discurso vazio será suficiente para justificar a nova missão do ex-jogador?

A trajetória de Daniel Alves serve como alerta: título, fama e habilidades esportivas não conferem automaticamente autoridade moral. O púlpito não perdoa palavras vazias; ele cobra atitudes.