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Amanda Arruda, talento multifacetado de Biguaçu, fala sobre literatura, inclusão e defesa da vida no Em Foco Podcast

Advogada, escritora, pesquisadora e primeira pessoa surda e autista a integrar a Academia de Letras de Biguaçu, Amanda Arruda compartilha sua trajetória pessoal e acadêmica, os desafios da surdez e do autismo, e a luta pelos direitos das crianças com deficiência.

Entrevista

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Jornais em Foco

Foto: Amanda Arruda, escritora, pesquisadora e primeira pessoa surda e autista na Academia de Letras de Biguaçu, falou sobre sua trajetória pessoal, acadêmica e literária no Em Foco Podcast. (Foto Divulgação)

Natural do bairro Vendaval, em Biguaçu, Amanda Arruda é um exemplo de talento precoce, dedicação acadêmica e engajamento social. Aos 24 anos, ela acumula conquistas notáveis: é graduada em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), mestranda em Direito da Criança e do Adolescente, pesquisadora do Núcleo de Estudos Jurídicos e Sociais da Criança e do Adolescente, escritora, poetisa, contista e romancista. Além disso, é a primeira pessoa surda e autista a integrar a Academia de Letras de Biguaçu.

Em sua participação no Em Foco Podcast, Amanda relatou sua trajetória de vida, suas motivações e seus projetos, destacando a importância da inclusão, do conhecimento jurídico e da literatura para transformar a sociedade.

Infância e incentivo à leitura

Amanda descreveu sua infância como solitária, sendo filha única até os 15 anos, mas sempre cercada de afeto e estímulo intelectual. Aprendeu a ler e escrever aos 3 anos, incentivada pela mãe, que lia poesias de Vinícius de Moraes e contava histórias clássicas como Branca de Neve e Chapada Vermelha. Esse incentivo precoce moldou sua paixão pela literatura e pela expressão escrita.

“Meu maior presente foi o amor pelos livros que minha mãe me deu. Foi ela quem me ensinou a importância da leitura e da escrita desde cedo”, afirmou Amanda.

Primeira publicação e trajetória literária

Com apenas 13 anos, Amanda começou a escrever seu primeiro livro, A Heroína Quebrou a Lenda, inspirado em debates escolares sobre a possibilidade de uma Terceira Guerra Mundial. Publicado aos 16 anos, o livro contém 84 páginas e mistura referências históricas, filosóficas e ficcionais, destacando sua maturidade precoce.

Durante a pandemia, Amanda publicou três obras adicionais:

  • A Chantagem de Mona Lisa (2020) – romance de 300 páginas inspirado em Pretty Little Liars e O Crime e Castigo de Dostoiévski, sobre uma jovem que busca oportunidades em Paris através de métodos anti-heroicos.
  • Badalado Sino (2021) – coletânea de contos e poemas católicos, inspirados na fé e nas reflexões da vida cotidiana.
  • Histórias Surdas – microcontos sobre a vivência com deficiência auditiva, abordando experiências de inclusão e superação de desafios, como o bullying.

Atualmente, Amanda trabalha em Missão Alcateia, obra de ficção científica cristã com protagonismo autista, ampliando ainda mais sua produção literária.

Superando desafios pessoais: surdez e autismo

Amanda foi diagnosticada com perda auditiva moderada aos 19 anos, uma deficiência gradual no nervo auditivo que a permite ouvir parcialmente. Em dezembro de 2024, recebeu o diagnóstico de autismo nível 1, o que trouxe autoconhecimento e maior compreensão de suas habilidades e limitações.

“Antes do diagnóstico, não entendia minhas dificuldades de comunicação. Hoje, consigo explicar melhor para mim e para os outros como lidar com essas situações”, explicou.

Sua irmã, Cecília, também possui autismo, e Amanda destaca a importância da inclusão desde a infância, promovendo um ambiente familiar acolhedor e inclusivo.

Formação acadêmica e carreira

Amanda ingressou no curso de Direito aos 16 anos, logo após concluir o ensino médio. Ela se formou advogada, mas atualmente foca na carreira acadêmica, com objetivo de se tornar professora universitária.

Seu mestrado, orientado por Josi Veronesi, aborda o direito à vida da criança com deficiência, explorando temas polêmicos como aborto, eutanásia e métodos artificiais de reprodução humana.

Além disso, Amanda atua na Academia de Letras de Biguaçu, onde inovou ao recitar poemas em Língua Brasileira de Sinais, valorizando a cultura surda e promovendo inclusão. Atualmente, existem 172 surdos registrados em Biguaçu, e Amanda defende o acesso à cultura e à educação para todos.

Reflexões e legado

Amanda compartilhou também suas reflexões sobre a educação e a importância de criar uma sociedade inclusiva. Para ela, é fundamental que crianças e jovens aprendam valores de empatia, diversidade e respeito.

“É mágico observar crianças inclusivas, como minha irmã, interagindo com outras sem excluir ninguém. Elas trazem esperança de que o mundo pode ser melhor”, declarou.

Linha do tempo da trajetória de Amanda Arruda

  • Infância: Incentivo à leitura e escrita desde os 3 anos; filha única até os 15 anos.
  • 13 anos: Início da escrita de A Heroína Quebrou a Lenda.
  • 16 anos: Publicação do primeiro livro; ingresso no ensino médio e vestibular de Direito na UFSC.
  • 2020: Publicação de A Chantagem de Mona Lisa durante a pandemia.
  • 2021: Publicação de Badalado Sino.
  • Ano seguinte: Publicação de Histórias Surdas.
  • 19 anos: Diagnóstico de surdez moderada.
  • 2024: Diagnóstico de autismo nível 1; início do mestrado em Direito da Criança e do Adolescente.
  • Atualidade: Primeira pessoa surda e autista na Academia de Letras de Biguaçu; desenvolvimento do livro Missão Alcateia.

Amanda Arruda é um exemplo de dedicação, talento e superação. Sua trajetória demonstra que, com incentivo, estudo e resiliência, é possível transformar desafios em oportunidades e contribuir significativamente para a cultura e a sociedade.

Clique aqui e leia a entrevista