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O Em Foco Podcast recebeu o professor, fotógrafo e ambientalista Henrique de Azevedo, um dos nomes mais respeitados de Biguaçu quando o assunto é meio ambiente, história e identidade local. Ao longo da entrevista conduzida pelo jornalista Osias Alves Júnior, Henrique revisitou momentos marcantes da sua vida pessoal e profissional — desde as origens familiares, passando pelo amor à fotografia, até o papel de liderança na criação da Fundação Municipal do Meio Ambiente de Biguaçu (FAMABI).
“Sou nascido e criado aqui. Vi Biguaçu crescer, mudar, se transformar. Sempre me envolvi com a cidade de alguma forma — como professor, fotógrafo ou ambientalista. Biguaçu faz parte da minha história e da minha vida”, afirmou logo no início do programa.
Origem e vocação para a educação
Filho do ex-prefeito João Brasil de Azevedo (in memoriam) e de Dona Maria Inês de Azevedo, Henrique cresceu em uma família que respirava política, cultura e engajamento social. Inspirado pelo exemplo do pai, ingressou na área da educação e formou-se em Geografia, profissão que exerceu com orgulho nas escolas Educar e Maria da Glória.
“Ser professor foi uma das melhores fases da minha vida. Ensinar Geografia é ensinar a entender o mundo, o espaço em que vivemos. Eu procurava despertar nos alunos o senso de pertencimento com Biguaçu e com o planeta”, lembrou.
A fotografia como extensão do olhar ambiental
Paralelamente à docência, Henrique desenvolveu outra paixão: a fotografia ambiental. Foi um dos pioneiros na cidade a registrar a natureza em detalhes, utilizando técnicas de macrofotografia que revelavam o invisível aos olhos comuns.
“Sempre gostei de olhar o detalhe que ninguém via. Uma gota de orvalho, uma formiga carregando uma folha, a textura de uma pedra… A fotografia me ensinou a ter paciência, sensibilidade e respeito pela natureza”, contou.
Durante os anos 1990, ele fundou uma empresa de álbuns fotográficos, que chegou a ter 15 funcionários e prestava serviços para casamentos, formaturas e eventos sociais. “Era uma época artesanal. A gente montava tudo na mão, com cola e tesoura. Era bonito ver o resultado final”, recordou, com nostalgia.
Com a chegada da era digital, Henrique percebeu a mudança nos rumos do mercado e decidiu encerrar o ciclo empresarial para dedicar-se integralmente ao ativismo ambiental.
A criação da FAMABI e a consolidação de uma nova fase
A transição profissional o levou, no início dos anos 2000, a ser convidado para integrar o governo municipal. Durante a gestão do então prefeito Castelo Deschamps, com o apoio do Partido Verde, nasceu a FAMABI — Fundação Municipal do Meio Ambiente de Biguaçu.
“Foi um desafio enorme. Começamos do zero, sem sede, sem equipe, sem estrutura. Mas tínhamos uma missão: colocar o meio ambiente no centro das políticas públicas de Biguaçu”, destacou Henrique.
Como primeiro superintendente da fundação, ele foi responsável por estruturar o órgão, contratar técnicos, implantar a coleta seletiva e criar programas de educação ambiental nas escolas.
“Naquela época, falar de meio ambiente ainda era novidade para muita gente. Mas conseguimos sensibilizar a população e colocar Biguaçu como referência em sustentabilidade. Foi um marco para a cidade”, afirmou com orgulho.
Henrique também destacou o apoio recebido de servidores, educadores e voluntários: “Nada se faz sozinho. A FAMABI foi construída por pessoas que acreditavam na causa, que colocaram a mão na massa, literalmente”.
Da gestão pública à comunicação ambiental
Além da atuação técnica, Henrique se destacou pela sua presença ativa na imprensa local. Durante mais de uma década, escreveu a coluna “Meio Ambiente em Foco” no jornal Biguaçu em Foco, onde abordava temas ambientais com linguagem acessível e crítica.
“Eu sempre escrevi com responsabilidade. Nunca precisei ofender ninguém, apenas dizia a verdade. Por isso nunca fui processado. Tudo o que eu publicava era embasado em fatos e dados”, contou.
A coluna ajudou a popularizar a pauta ecológica no município e inspirou jovens a se envolverem com as causas ambientais.
Cinema e memória: o documentário “Rio Biguaçu”
Em 2024, Henrique concretizou um sonho antigo ao lançar o documentário “Rio Biguaçu: A Cidade Vista por Cima”, produzido com apoio da Lei Paulo Gustavo. A obra, exibida no auditório da Prefeitura Municipal, apresenta imagens aéreas inéditas e uma narrativa poética sobre a relação entre o rio, a cidade e seus habitantes.
“Esse filme é um registro histórico e um presente para Biguaçu. Ele mostra o quanto o nosso rio é vital, não apenas como recurso natural, mas como parte da nossa identidade. O rio é o coração de Biguaçu”, declarou, emocionado.
O projeto recebeu elogios do público e despertou interesse em escolas e instituições culturais que pretendem exibir o filme como material educativo.
Compromisso com o futuro
Durante o podcast, Henrique reforçou que seu compromisso com Biguaçu continua o mesmo: “Eu nunca parei de trabalhar pela cidade. Mesmo fora da gestão pública, continuo atuando, fotografando, participando de debates e incentivando novas gerações a cuidar do meio ambiente”.
Para ele, o segredo está na ética e no amor pela comunidade. “Não basta ter cargo, é preciso ter propósito. E o meu propósito sempre foi ver Biguaçu crescer com equilíbrio e respeito à natureza”, finalizou.
Linha do Tempo – A trajetória de Henrique de Azevedo em Biguaçu