O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), pediu demissão nesta sexta-feira (2) após intensa pressão política decorrente do escândalo de fraudes bilionárias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A operação “Sem Desconto”, deflagrada pela Polícia Federal em abril, revelou um esquema de descontos irregulares em benefícios previdenciários, resultando em prejuízos estimados em R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024 . 
Fraude sistemática e omissão
O esquema envolvia entidades que aplicavam descontos não autorizados diretamente nas aposentadorias e pensões, sob o pretexto de oferecer benefícios como descontos em farmácias e planos de saúde. Auditorias da Controladoria-Geral da União (CGU) indicaram que 97% dos aposentados entrevistados negaram ter autorizado tais descontos, e 80% das autorizações apresentadas pelas associações foram consideradas falsificadas . 
Apesar de alertas feitos à pasta desde 2023, incluindo denúncias de conselheiros do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) e da própria CGU, nenhuma providência concreta foi adotada para coibir os descontos fraudulentos . 
Envolvimento de aliados e pressão política
A situação se agravou com a revelação de que José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico e irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, era vice-presidente de uma das entidades envolvidas no esquema, o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), que foi alvo de busca e apreensão pela Polícia Federal . 
Além disso, José Avelino Pereira, conhecido como “Chinelo”, aliado de Lupi e membro do Conselho Nacional da Previdência, enfrenta processos por desfalques em aposentadorias e já foi preso sob suspeita de desviar verba pública . 
A pressão por sua saída aumentou após o afastamento do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, também indicado por Lupi, que foi alvo de buscas em seu gabinete e residência . 
Repercussões e próximos passos
A demissão de Lupi ocorre em um momento crítico para o governo, que busca restaurar a confiança na gestão da Previdência Social. O escândalo expôs vulnerabilidades no sistema de controle de benefícios e colocou em xeque a credibilidade do INSS, afetando diretamente aposentados e pensionistas .  
O Palácio do Planalto ainda não anunciou quem assumirá o Ministério da Previdência Social. Espera-se que o novo titular da pasta tenha o desafio de implementar medidas eficazes para combater fraudes e garantir a transparência na gestão dos recursos previdenciários.