Coluna do Decio: Intervenção no Hospital de Biguaçu escancara colapso anunciado

Falta de transparência, atrasos salariais, cirurgias suspensas e denúncias de má gestão tornaram insustentável a permanência da São Camilo à frente do Helmuth Nass; Auditoria externa é necessário

Foto: De nada servirá a interdição do hospital se não for feito uma auditoria externa para esclarecimentos a população (Foto Divulgação)

A coluna de hoje é dura, mas necessária. A decisão da Prefeitura de Biguaçu de decretar intervenção na gestão do Hospital Regional Helmuth Nass, assinada nesta segunda-feira (14), não é surpresa para quem acompanha de perto a decadência da unidade hospitalar. O Decreto nº 168 apenas oficializa o que a população já vinha presenciando: um colapso progressivo, agravado por má gestão, atrasos, desinformação e total descaso com a imprensa local e os trabalhadores da saúde.

 

Desde o final de 2023, uma série de matérias e colunas publicadas no Jornais em Foco denunciaram o cenário de descontrole e omissão na gestão hospitalar. Ainda em 2023, revelamos que o hospital negou 275 internações mesmo recebendo mensalmente mais de R$ 2,6 milhões em verba fixa pública. Em seguida, as denúncias evoluíram: atrasos recorrentes no pagamento do piso da enfermagem, demissões em massa de profissionais da saúde (com número estimado em até 75 desligamentos), cirurgias suspensas por falta de médicos e informações desencontradas entre direção e sindicato.

 

Enquanto os problemas se acumulavam, o hospital optava pelo silêncio ou por notas evasivas. Em uma tentativa de acalmar os ânimos, a administração chegou a publicar uma nota de esclarecimento alegando que o centro cirúrgico estava funcionando normalmente e que não houve demissões — o que foi rapidamente desmentido por sindicalistas em declarações públicas.

 

A falta de clareza na concessão à entidade São Camilo também foi alvo de críticas. A gestão se manteve envolta em sigilo, sem prestar contas claras nem à população, nem aos órgãos fiscalizadores, tampouco à imprensa local. A ausência de dados concretos sobre metas e gastos gerou revolta e incerteza.

 

Em uma das colunas mais incisivas deste portal, destacamos que a São Camilo já havia recebido mais de R$ 19 milhões somente em 2024, sem apresentar resultados proporcionais aos repasses milionários. Ainda assim, os relatos de falta de medicamentos, demora no atendimento e estrutura precária só aumentaram.

 

A São Camilo tratou o hospital como se fosse seu, mas o Helmuth Nass é da população de Biguaçu. E o povo exige respeito, transparência e atendimento digno. A intervenção, válida por 90 dias, prevê análise de contratos, auditoria nas contas e reavaliação de todos os atos administrativos da atual gestão. A decisão do prefeito Salmir Silva é tardia, mas necessária — e só foi tomada após pressão popular, denúncias constantes da imprensa e o esgotamento da paciência de quem depende do SUS para viver.

 

Esta coluna nunca se calou diante da ineficiência. E não será agora que poupará palavras. Que a intervenção seja o fim da omissão e o começo de um novo capítulo na saúde pública de Biguaçu.


Abaixo o leitor poderá clicar e ler alguns questionamentos feitos pela coluna:
 

Saúde: Pagamento do piso da enfermagem atrasa novamente no Hospital de Biguaçu e gera revolta entre profissionais

 

Descaso: Hospital de Biguaçu nega 275 internações desde 2023 mesmo recebendo R$ 2.662.000,00 de verba fixa mensal

 

Saúde: Concessão confusa e gestão criticada: Hospital de Biguaçu vive impasse que compromete atendimento

 

Coluna do Décio: Sindicalista confirma demissões no hospital de Biguaçu

 

Coluna do Décio: Hospital de Biguaçu publica nota de esclarecimento informando que não houve demissão e que o centro cirúrgico funciona

 

Coluna do Décio: Até quando continuará a chuva de problemas no hospital de Biguaçu?

 

Coluna do Décio: Procede a informação que o hospital de Biguaçu demitiu 75 funcionários?

 

Coluna do Décio: “Hospital de Biguaçu já recebeu mais de19 milhões nesse ano”, afirma secretária

 

Coluna do Décio: Hospital de Biguaçu estão com cirurgias suspensas por falta de médicos

 


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