Saúde: Concessão confusa e gestão criticada: Hospital de Biguaçu vive impasse que compromete atendimento

Com contrato de uso do espaço físico válido por 30 anos e concessão de gestão renovável a cada 5, modelo adotado pela Prefeitura de Biguaçu é exceção no país e tem gerado conflitos, má gestão e reclamações de funcionários e usuários

Foto: Hospital Regional Helmuth Nass enfrenta críticas por má gestão, modelo de concessão confuso e falta de transparência nos repasses (Foto Divulgação

O Hospital Regional Helmuth Nass, em Biguaçu, tem sido alvo de críticas crescentes devido a um modelo de concessão considerado confuso e ineficaz. A atual organização responsável pela administração do hospital, a entidade São Camilo, opera sob duas concessões distintas: uma de 30 anos para uso do espaço físico, das quais já se passaram 10 anos, e outra de apenas 5 anos para a gestão hospitalar. Esse formato vai na contramão do que é adotado em outros hospitais públicos do Brasil, onde normalmente a concessão de gestão e uso do espaço ocorrem em um único processo licitatório, com prazos iguais.
 
Especialistas e servidores apontam que esse modelo tem dificultado a eficiência do atendimento e gerado insegurança jurídica e operacional. Na prática, a Prefeitura de Biguaçu mantém um contrato de longo prazo com a entidade para o uso do prédio, mas a cada cinco anos precisa decidir sobre a renovação da gestão. Isso pode levar a situações graves: uma entidade pode deter o espaço físico, enquanto outra assume a administração hospitalar, o que abre margem para impasses e paralisações.
 
Além dos problemas estruturais do contrato, a gestão atual também tem sido alvo de queixas de funcionários. Há relatos de não pagamento do piso salarial da enfermagem ou pagamentos feitos de forma fracionada e irregular. Internamente, muitos leitos permanecem sem uso, comprometendo o potencial de atendimento da unidade. A precarização do serviço afeta diretamente a população que depende do hospital.
 
Outro ponto crítico é a falta de transparência nos repasses financeiros. De um lado, a Prefeitura de Biguaçu, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, apresenta dados sobre os recursos enviados à entidade. Do outro, a própria gestora afirma o contrário, gerando um clima de desconfiança e impasses públicos sobre a real situação financeira da unidade.
 
Diante desse cenário, cresce a pressão para que a Prefeitura de Biguaçu reveja o modelo atual, rompa a concessão de 30 anos e lance uma nova licitação que unifique a gestão e a utilização do espaço físico do hospital. A medida é vista como necessária para garantir eficiência, clareza contratual, valorização dos profissionais da saúde e, acima de tudo, um atendimento digno à população de Biguaçu e região.

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