Jornal JBFOCO
O período pré-eleitoral se afunila e o PSD de Biguaçu chegou a um ponto da estrada onde há uma encruzilhada com três caminhos para escolher. E a decisão a ser tomada não será fácil, seja qual estrada o partido escolher para percorrer até as eleições de outubro.
Caminho 01 - Candidatura própria
O sonho principal do PSD é ter candidato a prefeito nas eleições que se avizinham. Para isso, foi buscar o ex-prefeito Tuta para encabeçar uma chapa majoritária. Tuta é uma espécie de Lula municipal pois tem carisma e aparece bem nas pesquisas mesmo não exercendo cargo eletivo desde 2012.
Porém, desde a filiação de Tuta no final do ano passado, as coisas não andaram conforme o planejado principalmente no que diz respeito a uma nominata forte para disputar as eleições para vereador. Dois exemplos foram a saída do vereador Zezé e da suplente Márcia Badalotti, que deixaram o PSD e filiaram-se no MDB para serem pré-candidatos no partido do atual prefeito.
Ao mesmo tempo, o PSD não conseguiu agregar novas forças políticas em prol do projeto de reconduzir Tuta à Prefeitura "nos braços do povo". O PL da ex-vereadora em exercício Salete Cardoso já decidiu que terá candidato próprio a prefeito e o PP do vereador Fernando Pissudo está dando sinais de que não apoiará a candidatura de Tuta.
Além disso, o PSD terá muito trabalho se manter a vontade de ter Tuta candidato a prefeito, pois ele tem duas condenações por improbidade administrativa e está com a ficha suja. A candidatura dele seria judicializada com o Ministério Público pedindo para ele ser impugnado com base na Lei da Ficha Limpa. Com isso, os filiados do PSD teriam que passar a campanha toda explicando porque Tuta estaria concorrendo subjúdice. Isso é desgastante e impacta negativamente qualquer campanha.
No entanto advogados aliados do ex-prefeito dizem que ele conseguirá superar os problemas na justiça eleitoral e o próprio Tuta está convicto que poderá ser candidato e mesmo eleito não será cassado. A empolgação é tão grande que ontem (segunda-feira – 15/04/2024) relatou a esse colunista numa lanchonete dentro do supermercado Brasil Atacadista que “deixará de morar em Biguaçu” caso perca as eleições para o atual prefeito da cidade que tentará a reeleição em outubro próximo. A animação de Tuta e de seu entourage deve-se a pesquisas que ele tem tido acesso.
Caminho 02 - Apoiar o PL
Com o PL da ex-vereadora em exercício Salete Cardoso apontando candidatura própria a prefeito com o nome do ex-prefeito Ramon Wollinger na cabeça de chapa, o PSD poderia recuar do projeto próprio e indicar um vice na chapa de Ramon.
Porém, integrantes do PSD não confiam em Wollinger e apoiá-lo a prefeito, mesmo indicando um vice, seria ir contra tudo o que eles pensam sobre política. Este caminho é pouco provável que o PSD percorra e a única chance disso acontecer é se o PSD estadual (que faz parte do governo Jorginho Mello) decidir bancar uma candidatura a vice em Biguaçu apoiando o partido do governador. Seria um caminho espinhoso, mas precisaria ser percorrido se a decisão vier de cima para baixo.
Caminho 03 - Tuta vereador
Outra possibilidade que até pode ser defendida é o PSD recuar de uma candidatura a prefeito e lançar Tuta a vereador. Nesta eleição, o PSD terá enormes dificuldades para conquistar mais que uma cadeira na Câmara Municipal, pois a nominata não é boa
O partido tinha quatro nomes razoáveis: Chapecó, Ângelo, Zezé e Márcia Badalotti. Esses dois últimos saíram e isso prejudicou o partido. Com isso, a nominata do PSD minguou e a sigla terá que lutar a duras penas para garantir uma mísera cadeira no Legislativo
Mas isso mudaria completamente se Tuta resolvesse sair a vereador. Com certeza ele seria o mais votado da cidade. Tuta foi vereador três vezes e sempre foi o mais votado nas eleições que disputou para a câmara. Na eleição de 2008, depois de ser prefeito duas vezes, Tuta concorreu a vereador e somou 2.282 votos, que é a maior votação que um vereador já recebeu na história do município. Ninguém tem dúvida que, se ele voltar a concorrer a vaga no Legislativo, Tuta fará mais de dois mil votos novamente.
Com uma montanha de votos dessa, mais os votos de Chapecó, Ângelo e os demais componentes da nominata, o PSD elegeria com certeza dois vereadores e poderia brigar pela terceira vaga, já que teria uma sobra de votos muito alta.
Com três vereadores eleitos, o PSD sairia fortalecido das eleições municipais, mesmo sem concorrer a cargos em chapa majoritária. Além disso, não passaria pela humilhação de ter que se rebaixar para o PL da ex-vereadora em exercício Salete Cardoso. Esta manobra seria boa inclusive para o deputado estadual Júlio Garcia, que deseja ter um partido forte em Biguaçu para apoiá-lo nas eleições estaduais de 2026. Melhor ter três vereadores na Câmara do que um para ajudá-lo na disputa daqui a dois anos.
No entanto o caminho 3 não está nas peças do tabuleiro político de Tuta pois o que o homem quer de verdade é ser candidato a prefeito e inclusive já estava tomando café ontem com um empresário articulando apoio a sua empreitada.
Caberá ao partido decidir qual caminho percorrer. Mas, como disse, nenhuma das decisões será fácil.
