As canalhices de Moraes. Reportagem desnuda como o ministro usou estrutura do TSE para investigar e manter presos do 8 de Janeiro

Mensagens vazadas revelam que servidores do TSE agiram como polícia secreta, a mando do ministro Alexandre de Moraes, para espionar manifestantes com base em postagens nas redes sociais. “Certidões positivas” eram emitidas informalmente e usadas para manter cidadãos presos sem defesa.

Foto: Alexandre de Moraes no comando do TSE; sob sua gestão, tribunal virou aparelho de repressão ideológica e espionagem de cidadãos (Foto Divulgação)

 

 

Por Décio Baixo Alves – Jornais em Foco

As entranhas de um sistema judicial paralelo vêm sendo expostas com cada nova leva de mensagens vazadas da operação “Vaza Toga”, revelando uma estrutura clandestina e arbitrária de repressão montada no próprio coração do Estado: os gabinetes do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O centro desse esquema é o ministro Alexandre de Moraes, que, à época presidente do TSE, teria coordenado pessoalmente uma força-tarefa secreta para investigar e manter presos os manifestantes do 8 de Janeiro.

 

Segundo documentos e conversas obtidos pelos jornalistas David Ágape e Eli Vieira, divulgados pela organização Civilization Works, do americano Michael Shellenberger, servidores públicos do TSE foram mobilizados para espionar redes sociais e grupos privados de WhatsApp de manifestantes, muitos dos quais sequer haviam cometido qualquer crime. A tarefa: gerar “certidões positivas” baseadas em comentários online para justificar prisões preventivas, ignorando completamente o devido processo legal.

 

As ordens partiam diretamente do gabinete de Moraes, com comunicações feitas por WhatsApp pessoal e e-mails privados, fora dos canais institucionais. O comando da operação foi delegado à chefe de gabinete de Moraes no STF, Cristina Yukiko Kusahara, que administrava os grupos de mensageria usados para distribuir listas de alvos e coordenar ações. Também participaram Eduardo Tagliaferro, então chefe da Unidade de Combate à Desinformação do TSE, o juiz auxiliar Marco Antônio Vargas e o assessor do STF Airton Vieira, responsável pelas audiências de custódia.

 

A investigação aponta ainda que dados sensíveis de mais de 1.400 presos foram compartilhados sem cadeia de custódia, diretamente da Polícia Federal para o gabinete de Moraes. Em um áudio obtido pelos jornalistas, um agente federal chega a pedir discrição: “Esse material tá sendo muito procurado, viu?”, admitindo que as informações estavam sendo distribuídas à margem da legalidade.

 

“Certidões positivas” eram fabricadas em tempo recorde, muitas vezes com base em curtidas, comentários ou memes. Em outras palavras, cidadãos foram rotulados como criminosos sem investigação formal, sem acusação concreta, sem julgamento. E tudo isso à margem do Ministério Público e da defesa, numa operação política de repressão disfarçada de combate à desordem.

 

Ainda segundo a apuração, o esquema contava até com colaboradores externos, como ativistas políticos, universidades e agências de checagem, recrutados para se infiltrar em grupos privados e vigiar opositores do regime. O objetivo era claro: silenciar, intimidar e prender — não com provas, mas com convicções políticas e digitais.

 

Essa nova leva de revelações não apenas expõe a escalada autoritária do ministro Alexandre de Moraes, mas evidencia a instalação de uma estrutura de vigilância estatal clandestina, ancorada no Judiciário, para controlar cidadãos com base em ideologia. O que está em curso é a desconstrução do Estado Democrático de Direito, substituído por um regime de exceção comandado por um togado que se crê inatingível.

 

Enquanto o STF e o TSE se mantêm em silêncio, a sociedade assiste ao nascimento de uma espécie de STASI brasileira, onde curtidas em redes sociais valem mais que habeas corpus, e onde a toga virou símbolo de poder absoluto — e não de justiça.

Clique no link abaixo e veja o vídeo do deputado federal Marcel Van Hatten, indignado com as novas informações que expõe a canalhice em prol de se criar uma narrativa prendendo inocentes para atacar um grupo ideológico. 
 

https://www.instagram.com/reel/DM8k2HPp_ge/?igsh=czlvendqZDlzM2J6


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