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Veja como funcionava o tráfico de mulheres liderado por Vanuti

Organização criminosa atuava em cinco continentes, explorava mulheres em situação de vulnerabilidade e usava bares, empresas de fachada e criptomoedas para lavar até R$ 5 milhões por ano

Polícia

Santa Catarina

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Jornais em Foco

Foto: Investigações apontam que grupo comandado por Vanuti Conrado Skierzinski faturava até R$ 800 mil mensais e lavava valores por meio de criptomoedas, empresas de fachada e bares em Santa Catarina. (Foto Divulgação)

O Ministério Público Federal (MPF) revelou a atuação de uma organização criminosa de grande porte comandada pelo brasileiro Vanuti Conrado Skierzinski, especializada no tráfico internacional de mulheres para fins de exploração sexual. O grupo, segundo a investigação, mantinha ramificações em 14 países, em cinco continentes, e já possui 69 vítimas identificadas, número que pode ser ainda maior devido ao caráter transnacional do esquema.

A engrenagem criminosa tinha início no Brasil, com o aliciamento de jovens em situação de vulnerabilidade social e econômica. Elas eram convencidas a viajar ao exterior sob falsas promessas de trabalho e ganhos elevados. Ao desembarcar, entretanto, encontravam condições abusivas: jornadas exaustivas, vigilância constante e repasse obrigatório de até 50% do valor dos programas aos líderes do esquema. Em alguns casos, interceptações telefônicas revelam vítimas realizando mais de 13 atendimentos por dia, sem direito a descanso.

Lucro milionário e lavagem de dinheiro sofisticada

O núcleo financeiro da quadrilha chamava atenção pelo volume e pela complexidade. Apenas entre 2021 e 2024, Vanuti movimentou mais de R$ 4,5 milhões em suas contas pessoais. Sua empresa de fachada, VCS Turismo Ltda, criada com capital social de apenas R$ 10 mil, chegou a registrar movimentações superiores a R$ 5,2 milhões em menos de seis meses, evidenciando a utilização de pessoas jurídicas para dar aparência de legalidade ao dinheiro sujo.

A análise patrimonial revelou ainda a aquisição de imóveis, veículos e investimentos que somam aproximadamente R$ 7,9 milhões, todos sem comprovação de origem lícita. Em mensagens interceptadas, Vanuti chegou a relatar que o grupo estava “ganhando dinheiro de verdade” após expandir as operações para a Europa, com faturamento bruto mensal de R$ 800 mil e lucro líquido entre R$ 300 mil e R$ 400 mil.

Estratégias de ocultação

Para esconder os valores, a organização se valia de diferentes métodos:

  • Criptomoedas: pagamentos recebidos pelas vítimas no exterior eram convertidos em ativos digitais, movimentados em carteiras eletrônicas ligadas a exchanges internacionais como a Binance.
  • “Dólar-cabo” e “cripto-cabo”: operadores financeiros intermediavam a transferência clandestina de grandes quantias entre Europa e Brasil, sem passar pelo sistema bancário oficial.
  • Empresas de fachada: bares e restaurantes em Santa Catarina, como Boom Bar, Barzin Floripa, GM Bar e Boom Bar BC, foram usados para disfarçar a origem ilícita dos recursos.
  • Uso de “laranjas”: pessoas próximas, como Soney Guilherme Varela, atuavam como sócios de empresas, proprietários formais de imóveis e responsáveis por movimentações bancárias. Em apenas dois minutos, Soney chegou a dividir uma transferência de R$ 100 mil em quatro operações diferentes, típico procedimento de lavagem.

O esquema também envolvia falsificação de documentos para justificar remessas internacionais, declarações de doação simuladas e até a criação de holdings e empresas no exterior para blindagem patrimonial. Estima-se que a rede tenha lavado, em média, R$ 5 milhões por ano, reinvestidos em bens e negócios no Brasil e na Europa.

Prisões preventivas

Diante da gravidade das provas, o MPF solicitou a prisão preventiva de Vanuti Conrado Skierzinski, Thalytta Porto Salvador, Soney Guilherme Varela e Bernardo Cascardo de Sousa, além da expedição de mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao grupo. Também foi pedida a inclusão de Vanuti na lista vermelha da Interpol.

O caso, considerado um dos maiores esquemas de tráfico de pessoas já investigados no país, segue em andamento. A expectativa é que novas vítimas e operadores financeiros ainda sejam identificados, ampliando o impacto da investigação.

Linha do tempo do esquema internacional de tráfico de mulheres

  • 2016 – Vanuti Conrado Skierzinski se muda para a Nova Zelândia sob pretexto de intercâmbio estudantil.
  • 2017 – Inicia o aliciamento de mulheres brasileiras, utilizando vistos falsos e passagens forjadas. Primeiras vítimas viajam à Nova Zelândia.
  • 2018-2019 – Após ser deportado da Nova Zelândia, Vanuti continua a operar à distância, ampliando o esquema e recrutando operadores no exterior.
  • 2020 – Expansão das atividades para outros países da Oceania e início da falsificação de documentos em larga escala.
  • 2021 – Grupo estabelece base no México e passa a realizar viagens frequentes para Europa, Ásia e África.
  • 2022 – Estrutura financeira se consolida: movimentação de R$ 4,5 milhões nas contas pessoais de Vanuti e mais de R$ 5,2 milhões pela VCS Turismo Ltda.
  • 2023 – Expansão para a Irlanda, com forte presença em casas noturnas. Início da lavagem via bares em Santa Catarina.
  • 2024 – Investigações identificam 69 vítimas e cooperação internacional é acionada. Vanuti e cúmplices passam a movimentar até R$ 800 mil por mês com a exploração sexual.
  • 2025 – MPF pede prisões preventivas, mandados de busca e apreensão e inclusão de Vanuti na lista vermelha da Interpol.

Nominata dos investigados e empresas alvos de busca e apreensão

  1. Vanuti Conrado Skierzinski
  2. Thalytta Porto Salvador
  3. Soney Guilherme Varela
  4. Bernardo Cascardo de Sousa
  5. Árlan Willians Alves Pedroso
  6. João Carlos das Neves Moreira Júnior
  7. Henrique Fagundes da Rosa
  8. Samer Naiel Dib Khaled
  9. Thiago da Silva Schmidt
  10. Deivid Cunha Agaci
  11. Giovana Cherobin Gaiovis
  12. Cristiano de Oliveira Lopes
  13. Ricardo Kindler Kirsch Junior
  14. Lucas da Silva Martins
  15. Fabiano Isaias de Oliveira Bastos
  16. Fabrício Isaias de Oliveira Bastos
  17. Gabriel Melo Rodrigo
  18. Ana Claudia Pereira Drumond Kouri
  19. Thiago Luiz Alcantara Egues
  20. Matheus Felipe Berberick Tavares
  21. Boom Bar Ltda – Boom Beer Bar
  22. Fava Group Participações Ltda
  23. Barzin Floripa Ltda
  24. Boom Bar BC Ltda
  25. GM Bar Ltda – Clássico da Mole