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Natural do bairro Vendaval, em Biguaçu, Amanda Arruda é um exemplo de talento precoce, dedicação acadêmica e engajamento social. Aos 24 anos, ela acumula conquistas notáveis: é graduada em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), mestranda em Direito da Criança e do Adolescente, pesquisadora do Núcleo de Estudos Jurídicos e Sociais da Criança e do Adolescente, escritora, poetisa, contista e romancista. Além disso, é a primeira pessoa surda e autista a integrar a Academia de Letras de Biguaçu.
Em sua participação no Em Foco Podcast, Amanda relatou sua trajetória de vida, suas motivações e seus projetos, destacando a importância da inclusão, do conhecimento jurídico e da literatura para transformar a sociedade.
Infância e incentivo à leitura
Amanda descreveu sua infância como solitária, sendo filha única até os 15 anos, mas sempre cercada de afeto e estímulo intelectual. Aprendeu a ler e escrever aos 3 anos, incentivada pela mãe, que lia poesias de Vinícius de Moraes e contava histórias clássicas como Branca de Neve e Chapada Vermelha. Esse incentivo precoce moldou sua paixão pela literatura e pela expressão escrita.
“Meu maior presente foi o amor pelos livros que minha mãe me deu. Foi ela quem me ensinou a importância da leitura e da escrita desde cedo”, afirmou Amanda.
Primeira publicação e trajetória literária
Com apenas 13 anos, Amanda começou a escrever seu primeiro livro, A Heroína Quebrou a Lenda, inspirado em debates escolares sobre a possibilidade de uma Terceira Guerra Mundial. Publicado aos 16 anos, o livro contém 84 páginas e mistura referências históricas, filosóficas e ficcionais, destacando sua maturidade precoce.
Durante a pandemia, Amanda publicou três obras adicionais:
Atualmente, Amanda trabalha em Missão Alcateia, obra de ficção científica cristã com protagonismo autista, ampliando ainda mais sua produção literária.
Superando desafios pessoais: surdez e autismo
Amanda foi diagnosticada com perda auditiva moderada aos 19 anos, uma deficiência gradual no nervo auditivo que a permite ouvir parcialmente. Em dezembro de 2024, recebeu o diagnóstico de autismo nível 1, o que trouxe autoconhecimento e maior compreensão de suas habilidades e limitações.
“Antes do diagnóstico, não entendia minhas dificuldades de comunicação. Hoje, consigo explicar melhor para mim e para os outros como lidar com essas situações”, explicou.
Sua irmã, Cecília, também possui autismo, e Amanda destaca a importância da inclusão desde a infância, promovendo um ambiente familiar acolhedor e inclusivo.
Formação acadêmica e carreira
Amanda ingressou no curso de Direito aos 16 anos, logo após concluir o ensino médio. Ela se formou advogada, mas atualmente foca na carreira acadêmica, com objetivo de se tornar professora universitária.
Seu mestrado, orientado por Josi Veronesi, aborda o direito à vida da criança com deficiência, explorando temas polêmicos como aborto, eutanásia e métodos artificiais de reprodução humana.
Além disso, Amanda atua na Academia de Letras de Biguaçu, onde inovou ao recitar poemas em Língua Brasileira de Sinais, valorizando a cultura surda e promovendo inclusão. Atualmente, existem 172 surdos registrados em Biguaçu, e Amanda defende o acesso à cultura e à educação para todos.
Reflexões e legado
Amanda compartilhou também suas reflexões sobre a educação e a importância de criar uma sociedade inclusiva. Para ela, é fundamental que crianças e jovens aprendam valores de empatia, diversidade e respeito.
“É mágico observar crianças inclusivas, como minha irmã, interagindo com outras sem excluir ninguém. Elas trazem esperança de que o mundo pode ser melhor”, declarou.
Linha do tempo da trajetória de Amanda Arruda
Amanda Arruda é um exemplo de dedicação, talento e superação. Sua trajetória demonstra que, com incentivo, estudo e resiliência, é possível transformar desafios em oportunidades e contribuir significativamente para a cultura e a sociedade.