Lucas Martins, 30 anos, nasceu e cresceu no bairro Fundos, em Biguaçu, em uma família com forte ligação aos animais. Desde pequeno, conviveu com vacas, cabritos, cavalos e cachorros. Seu primeiro presente foi um pônei, que segundo ele, foi o início de uma vida cercada por animais. “Cresci em meio aos animais. Para mim, essa profissão sempre foi inevitável. É algo natural”, afirma Lucas.

Ele se define como um “manézinho da terra”, e relembra que suas brincadeiras de infância eram com cabritos, bezerros e cavalos. Para ele, a convivência com animais foi essencial para a escolha da carreira: “Não conseguiria seguir outro caminho. Sempre me envolvi e continuo me envolvendo com isso”.

Linha do tempo da vida e carreira de Lucas Martins

Infância e primeiros contatos com animais (1995-2012)

• Cresceu no bairro Fundos, que na época ainda era parcialmente rural, convivendo com cavalos, vacas, cabritos e cachorros.
• A família ainda mantém um terreno com criação de animais, mesmo com a urbanização da região.
• Participava de atividades próximas, como CTG e Sela de Prata, e vivenciava diretamente o cuidado com os animais, cultivando o respeito e a responsabilidade desde cedo.

Ensino fundamental e médio (São José, 2002-2012)

• Estudou fora de Biguaçu e não frequentou escolas locais.
• Morar distante da família contribuiu para amadurecimento precoce, disciplina e independência financeira.

Universidade e formação em Medicina Veterinária (UFSC – Curitibanos, 2013-2018)

• Lucas ingressou na segunda turma do campus de Curitibanos aos 17 anos.
• Viveu a experiência de se adaptar à vida universitária longe de casa, com despesas de aluguel e alimentação, complementadas por bolsa social de cerca de R$ 800 e vale-alimentação da universidade.
• Durante a graduação, começou a atuar em cirurgias e estágios, adquirindo experiência prática antes de muitos colegas.
• Desenvolveu habilidades em múltiplas áreas: cavalo, cabrito, galinha, vaca, porco, cachorro e gato.
• Reconheceu suas dificuldades de memorização (TDAH) e destacou que, embora não fosse o aluno com melhores notas, se sobressaía na interpretação e prática clínica.
• Graduou-se aos 23-24 anos, aproximadamente em 2018.

Estágio especializado em Nutrição (USP, São Paulo, 2018)

• Lucas realizou seis meses de estágio em nutrição de cães e gatos, aprimorando conhecimento em dietas, suplementação e obesidade.
• Participou de estudos de formulação de ração, visitas a fábricas e acompanhamento de casos clínicos.
• Escolheu a área de nutrição por paixão, mesmo sabendo que cirurgias eram financeiramente mais lucrativas.

Experiência internacional (Nova Zelândia, 2018-2019)

• Ampliou experiência prática em cuidados veterinários e conheceu métodos internacionais de manejo e tratamento animal.
• Foi também nessa fase que aprofundou sua visão sobre clínica, comportamento animal e nutrição.

Trajetória profissional no Brasil (Biguaçu e região, 2019-2020)

• Lucas trabalhou em clínicas na Grande Florianópolis e região, adquirindo experiência em cirurgia, ortopedia e clínica médica de cães e gatos.
• Sua esposa, também veterinária, atuava em neurologia e anestesia, complementando as áreas de atuação.
• Eles se conheceram na universidade, na mesma turma, e iniciaram a vida profissional trabalhando em clínicas externas.

Fundação da Famillevet (Pandemia, 2020)

• Motivados por experiências negativas em outras clínicas, incluindo golpes financeiros, abriram a Famillevet.
• Inicialmente, a clínica funcionou em uma kitnet adaptada da mãe de Lucas, com consultório, centro cirúrgico e internamento pequenos.
• A clínica prioriza atendimento humanizado, tratando cada pet como se fosse da própria família, e se consolidou pela empatia e qualidade no serviço.
• Filosofia: “O tutor está emocionalmente fragilizado. Nosso objetivo é acolher, não explorar financeiramente”, explica Lucas.

Especialização e prática clínica

Lucas destaca que um veterinário precisa conhecer múltiplos animais domésticos, cada um com anatomia, fisiologia e necessidades distintas:

• Cães: onívoros, podem consumir proteína, carboidrato, vegetais e frutas; obesidade é problema comum.
• Gatos: carnívoros estritos, necessitam de proteína animal; alimentação vegana é prejudicial.
• Animais de grande porte e criação: cavalos, vacas, porcos, cabritos e galinhas exigem conhecimento específico de anatomia e manejo.
• Animais silvestres e exóticos: requerem especialização adicional.

Áreas de atuação na Famillevet:

• Cirurgias de tecidos moles: domínio consolidado sobre órgãos e pele.
• Nutrição animal: dietas personalizadas, suplementação e manejo de obesidade.
• Ortopedia e neurologia: atuação conjunta com sua esposa, atendendo doenças específicas e degenerativas.

Lucas ainda explica que a interpretação de sinais clínicos é essencial, já que os animais não comunicam dor ou sintomas diretamente. Exemplos:

• Cachorros idosos inteiros podem apresentar alterações de próstata ou fezes mais firmes.
• Acúmulo de tártaro e bactérias na boca, especialmente em raças pequenas, pode indicar problemas dentários graves.
• Escovação desde filhote, com dedinho de silicone ou escovinha macia, previne problemas futuros.

Filosofia de atendimento da Famillevet

A clínica funciona 24 horas e segue uma filosofia de acolhimento e humanização:

• Cada consulta é conduzida com empatia, tratando tutores e pets como membros da família.
• O atendimento prioriza cuidados preventivos, dieta adequada, acompanhamento clínico e interpretação comportamental.
• Lucas acredita que a fidelização dos clientes vem da confiança e do respeito, não do aspecto comercial.

Segundo ele: “Nosso objetivo é prolongar a vida dos pets com qualidade, respeitando suas necessidades fisiológicas e emocionais”.

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