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O Boteco do Ori é mais do que um bar; é uma referência cultural, gastronômica e social em Florianópolis. Fundado em 1973 por Seu Ori (Seori Bernardo) no bairro do Abraão, o bar começou como uma mercearia simples em uma região isolada, conhecida como “filho do mundo”. Hoje, com 51 anos de história, a marca expandiu para seis unidades — com a sétima prestes a abrir no bairro Campeche — mantendo qualidade, tradição e preço justo.
Em entrevista ao Em Foco Podcast #065, os irmãos Alex Bernardo e Odorico Bernardo Neto, filhos de Seu Ori, contaram detalhes da trajetória familiar e da evolução do bar que conquistou toda a região.
Origem e primeiros passos do Boteco do Ori
Seu Ori, caçambeiro e natural do bairro do Butiá, recebeu uma indenização do serviço público e decidiu investir em um ponto comercial no Abraão. A área era pouco desenvolvida, sem infraestrutura, e o ponto havia passado por diversos comerciantes sem sucesso.
“Aquele ponto já tinha passado por três ou quatro comerciantes e nada dava certo. Meu pai quase desistiu, mas decidiu arriscar. Comprou o espaço com a ajuda de um amigo, que adiantou o dinheiro para o balcão, mas acabou tomando cachaça com o trocado. Foi o começo de muitas aventuras”, contou Alex.
Inicialmente, o bar funcionava como mercearia, com prateleiras decoradas com latas vazias. Aos poucos, Seu Ori começou a vender pequenas doses de cachaça, atraindo moradores e pescadores da região, tornando o local um ponto de encontro tradicional.
O cardápio inicial era simples: torresmo, linguiça, queijo e ovos em conserva, mas a receita de bolinho de carne, criada por Seu Ori e sua esposa, logo se tornou marca registrada.
“Hoje, muitas pessoas dizem que não foram ao Boteco do Ori se não comerem uma almôndega. Mantemos a receita original, apenas profissionalizamos o preparo, medindo cada ingrediente para garantir o mesmo sabor em todas as unidades”, explica Odorico.
Linha do tempo da evolução do Boteco do Ori
Profissionalização e consultoria
Antes da consultoria, os irmãos trabalhavam muito, mas sem foco estratégico. O acompanhamento trouxe clareza: cardápio enxuto e padronizado, criação de cozinha central no Abraão (responsável por cerca de 90% da produção), reorganização do atendimento com ênfase em garçons e serviço personalizado, e ajustes de público e ambiente — por exemplo, reduzir transmissões de futebol durante a pandemia para atrair famílias.
“A consultoria nos deu segurança para seguir. Antes, estávamos quase desistindo, mesmo sabendo que nosso produto era bom. Foi um divisor de águas”, disse Alex.
Histórias, curiosidades e eventos culturais
O Boteco do Ori é palco de muitas histórias: o aniversário de Seu Ori (7 de setembro) com a famosa costela assada e a presença de boêmios locais; a passagem do carnavalesco Aldirio Simões, do poeta Zininho e de outros nomes que frequentaram o balcão; além de episódios pitorescos do dia a dia que marcaram a memória do bairro.
Modelo de negócio, expansão e futuro
O Boteco do Ori opera por associação com sócios-investidores, não por franquia, mantendo controle de qualidade centralizado. A rede emprega hoje mais de 200 pessoas e segue equilibrando tradição, preço justo e experiência do cliente: não há cobrança por música ao vivo — paga-se apenas o que consome.
“Nosso ponto de equilíbrio é qualidade, preço justo e experiência do cliente”, afirma Alex.