Texto: Professor Miguel João Simão
Escritor e Pesquisador.
Nascido em Fazenda da Armação, Saturnino, veio ao mundo no dia 31 de janeiro de 1911.
Popularmente conhecido por Salto, aos 3 anos de idade perdeu, o pai, Viríssimo Policarpo da Silva (1882 -1916), ficando ele e seu irmão Santino Viríssimo da Silva (1909-1945, na época do falecimento do pai com 9 anos de idade), aos cuidados de sua mãe Ida Júlia de Oliveira (1887-1932).
A vida dos dois irmãos foi de muita luta, numa época em que passaram muitas dificuldades.
Ida, a mãe dos meninos, logo se casou com José Amélio de Oliveira (1890-1963), e em meio as dificuldades da época os irmãos Saturnino e Santino tiveram que trabalhar muito cedo.
Com José Amélio, Ida teve mais 4 filhas: Julia Ida de Oliveira (1917 – 1998), Nadir Ida de Oliveira (1919-1964), Herondina Ida de Oliveira (1921-2001) e Ida Julia de Oliveira (1932 – 2017).
Da Armação da Piedade, a família migra para Ganchos do Meio, onde permaneceram pouco tempo e depois fixaram morada em Canto dos Ganchos.
Em 1932, quando a pequena Ida nasceu, a mãe Ida, faleceu, o que trouxe a família um grande transtorno.
Amélio, o pai, logo casou com outra pessoa e os irmãos mais velhos, passaram a se ajudarem mutuamente, como todos os olhares a pequena Ida.
Salto e Santino, não abandonaram as irmãs, e Julia, a mais velha, foi a mãezona para suas irmãs.
Santino, o irmão mais velho, nascido em 27 de setembro de 1909, casou com Filomena Silva, de Canto dos Ganchos, um casamento que durou pouco tempo, em função de sua morte prematura em 13 de março de 1945, no hospital em Florianópolis, local onde foi enterrado por falta de recursos para trazerem o corpo. Nessa ocasião, Salto estava no Rio Grande do Sul, o que impediu de dar ao irmão um enterro digno na terra natal.
Salto, foi cedo para a pesca, teve no Rio Grande do Sul por vários anos, mas sempre foi um visionário. Em cada porto que chegava, em cada cidade por onde passava, Salto observa empresas, busca indagar a mecânica e seu funcionamento, e desenha em sua mente projetos quase impossíveis de acreditar que ele poderia realizar, visto sua atuação em barcos pesqueiros, longe de casa.
Em 1941, Salto casou com Iracema, popular Cema do Salto, uma mulher que gerou dez filhos e deles cuidou com toda atenção e amor.
Iracema Lobo da Silva (1922 – 2020), filha de Nicolau Lobo da Silva (1875 – 1951), e de Maria Luiza Santiago (1900 – 1942), nasceu em Ganchos do Meio.
Casado, Saturnino deixa o Rio Grande e passa a trabalhar no Rio de Janeiro.
Num dos barcos em que trabalhou, de nome São João Batista, Salto ficou por 22 anos, sempre trabalhando na região do Rio de Janeiro, vindo em casa por períodos curtos.
Mas, a vida do gancheiro empreendedor, começa a dar início numa jornada de trabalho em terra, próximo a família.
Já de início, quando casou, abriu uma venda se secos e molhados, em Ganchos de Fora, bairro onde nasceu a primogênita Terezinha.
Saturnino, vendeu o estoque da antiga venda para a irmã Julia, e investiu numa fábrica de café, de nome “Café Ênio”
A marca tornou-se referência na região, e era um estímulo aos pequenos produtores de café das comunidades gancheira, que tinham a venda garantida do café e tinham a possibilidade de comprar o produto manufaturado por um preço menor.
Tempos depois, Salto vendeu o Café Enio ao senhor Tomaz Leal.
Com a venda da pequena empresa de café, Salto investiu num barco traineira, de nome Mápia, tendo como proeiro Neca do Cantídio.
Da aquisição do barco pesqueiro, nasceu uma salga de salmoura, com 26 tanques, onde depositavam o pescado em salmoura, depois de limpo e beneficiado, que dias depois, era entregue ao genro Lucas Teonílio dos Santos, que fazia as vendas dos produtos.
Paralelo a empresa de pescado, Saturnino construiu uma casa em madeira, com uma varanda ao lado, abrindo um salão de bailes.
Essa casa, mais tarde passa a ser moradia da família de Saturnino e de Iracema.
O homem, com olhares para frente, que numa época em que nem havia energia elétrica, já mantinha a casa iluminada por geradores, o que era novidades na época.
Salto, foi pioneiro de todos esses avanços, contando que a fábrica de café, assim como a salga de pescados, trouxe emprego em renda.
Saturnino Viríssimo da Silva, faleceu em 2004 e a esposa Iracema Lobo da Silva, faleceu em 2020.