Texto: Professor Miguel João Simão
Escritor e Pesquisador.
Menina que correu pelos becos de Ganchos, que tomava banho nas cachoeiras e brincava com as irmãs.
Adolescente que viveu entre a praia limpando peixes, e nos bastidores fazendo crivo, foi assim que. Baga, como é chamada carinhosamente por todos, cresceu no Porto de Ganchos.
O apelido ela não sabe o motivo, diz que foram as irmãs e as vizinhas que colocaram, mas é assim que ficou conhecida entre a comunidade gancheira de Ganchos do Meio, se estendendo entre netos e bisnetos, todos chamam de “vó Baga”.
Dona Dinalva, aos 92 anos de idade se mostra lúcida e de bem com a vida, apenas reclama que os anos lhe tiraram as forças que lhe proporcionavam boas caminhadas e seus afazeres domésticos. Contudo é ela que prepara sua comida, toma banho sozinha e caminha pelos arredores da casa.
Nascida em 08 de março de 1930, Dinalva Maria Ignácia Sagás é filha de Eugênio José Sagas e de Maria Ignácia dos Santos.
Numa casa simples, a mulher que teve 8 filhos, sendo que 3 faleceram ainda pequenos, vive em companhia de um filho solteiro, e próximo à casa da única filha mulher.
Numa boa conversa hoje, dona Baga, reviveu momentos e lembrou pessoas e fatos que viveu nas terras de Ganchos.
Falou dos bailes que ia dançar em Canto dos Ganchos, bairro vizinho ao que ela mora.
“ Me alembrar dos bailhe é uma coisa boa, era tempo bom. A gente saia tudo daqui lá pela uma e meia da tarde, com a promessa de voltar as 4 horas (16h), mas adispôs qui a gente tava lá, era difícil salembrá da hora de correr pra casa.
Chegava nu Canto, as guria de lá já tavu tudo isperando pur nós, era uma farra só.
Uma vez, nunca me esqueço, qui cheguemos perto das 6 da tarde, e o pau cumeu sorto. A mãe, tava assando uma baita duma papa-terra, pra gente cumê. Foi nós chegar, e o pau roncá. Tadinha, malembro bem do que ela mi disse – vocês não sabem a hora di vortá pra casa não?
Mas o pau cumia, mas a gente se apreparava pra ir no outro domingo.”
Baga, sempre foi festeira, era nos bailes, nas festas religiosas ou até mesmo na farra do boi, sempre estava torcendo por uma festa.
Aos 20 anos de idade, casou com o gancheiro Guilherme Pedro Sagás, que faleceu aos 50 anos de idade.
Guilherme, era pescador artesanal, a única experiência que teve como pescador fora da região de Ganchos, foi uma viagem ao Rio Grande do Sul, onde trabalhou no camarão, e lá ganhou dinheiro para comprar a madeira para construir sua primeira casa.
Ela, ainda lembra bem do tempo em que construíram a casa: “ Eu morei com a minha sogra mais de 3 anos, ai o Guilherme tinha ganhado aquele dinheirinho no Rio Grande, e comprou as maderas pra construir a casinha. Era pequena, mas era boa, porque era da gente. A gente sofreu pra fazer, era tudo difícil, num tempu que não tinha nem luz e nem água encanada, era um sofrimento só. Adispos qui veio tudo isso pra gente, ai as coisa começaram a melhorá”.
Do casamento, ela tem boas recordações, diz que o marido era bom, era trabalhador, e sente por ele ter partido cedo.
Mas agradece porque deixou os filhos, todos do bem, trabalhadores.
Dona Baga é analfabeta, diz que a mãe nunca quis colocar os filhos na escola, porque precisava deles para os serviços.
“A vida, a vida era muito dura, então a gente tudo, tinha que trabalhá pra ajudar em casa.
Hoje aos 92 anos de idade, da janela vê o movimento dos carros que circulam pelo único acesso que leva ao centro de Ganchos e diz que sente falta dos tempos que podia caminhar tranquila para ir a venda, a padaria.
Dona Baga, uma mulher que traz no rosto as marcas de quem trabalhou muito, é uma gancheira dos tempos que Ganchos era Distrito de Biguaçu.
Dona Baga é analfabeta, diz que a mãe nunca quis colocar os filhos na escola, porque precisava deles para os serviços.
“A vida, a vida era muito dura, então a gente tudo, tinha que trabalhá pra ajudar em casa.
Hoje aos 92 anos de idade, da janela vê o movimento dos carros que circulam pelo único acesso que leva ao centro de Ganchos e diz que sente falta dos tempos que podia caminhar tranquila para ir a venda, a padaria.
Dona Baga, uma mulher que traz no rosto as marcas de quem trabalhou muito, é uma gancheira dos tempos que Ganchos era Distrito de Biguaçu.