Lela (PT), candidato a prefeito de Florianópolis, foi entrevistado nesta segunda-feira (23) no Jornal do Almoço, da NSC TV. A sabatina integra série de entrevistas com os postulantes à prefeitura da capital de Santa Catarina.
A entrevista teve duração de 30 minutos e foi feita pelos jornalistas Laine Valgas e Raphael Faraco. Entre as perguntas, Lela respondeu sobre a proposta para a tarifa zero no transporte público, alternativas para a mobilidade urbana, saneamento básico a relação com o governo estadual e federal, caso seja eleito, além de outras questões.
Confira algumas das respostas:
Tarifa zero no transporte público
"Para municipalizar o transporte público é preciso acabar com o vício dos contratos com as empresas de transporte em Florianópolis. Se a gente quer resolver, tem que resolver de verdade, vir para uma campanha eleitoral, dizer que vai resolver da boca para fora. O contrato com as empresas são de décadas, mais de 30 anos, reclamando sempre que elas não têm lucro. Como que elas sobrevivem até hoje? A prefeitura aumentou para R$ 123 milhões o repasse para essas empresas. O Tribunal de Contas está investigando e já falou que as empresas têm lucro além do que está no contrato, e tem um erro grande nisso. Nós vamos implantar a tarifa zero no transporte em Florianópolis aos moldes que já tem em outras cidades do país. Não estou falando algo da minha cabeça, é estudado pelo governo federal, pelo presidente Lula, Jilmar Tatto deputado federal. Estive visitando Caucaia [CE] no início do ano. Já tem três anos que o transporte público é gratuito para toda a cidade, aumentou a quantidade de pessoas e a quantidade de arrecadação do município no comércio. [Como se sustenta?] A criação de um fundo municipal de transporte coletivo. O recurso hoje dos empresários já pagam para o vale transporte dos funcionários vai para o fundo. O recurso da Zona Azul, que é motivo de escândalo. O dinheiro da Zona Azul, do transporte individual do IPVA que ninguém sabe para onde vai, o dinheiro da CIDE [Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico], que as pessoas não sabem. Você que usa o carro, coloca combustível, abastece o carro, você paga a CIDE que fica 25% em Florianópolis no caixa da prefeitura. Para onde vai esse dinheiro? Agora vai para um caixa. Se o transporte individual usa combustível fóssil , queimando e jogando na atmosfera, vamos viabilizar que esses recursos vão para um caixa para o transporte coletivo de massa, mas da maneira que está não dá, porque ele não é atrativo".
"É por óbvio que imediatamente não consigo romper o contrato com as empresas, vamos fazer uma investigação, uma auditoria interna para avaliar o que tem nesse contrato que cada vez mais a prefeitura coloca dinheiro, não baixa o preço e acabaram tirando 36% da frota com ar-condicionado. Porquê tiraram o ar-condicionado da frota para baixar a tarifa e não baixou? Nós temos a tarifa mais cara hoje no Brasil. Isso impacta em muitas famílias, que tiram o direito delas, que é um direito constitucional de ir e vir de buscar o seu território. Vamos aplicar o tarifa zero já nos primeiros meses para mãe solo, trabalhadores em busca de emprego e estudantes. E depois com auditoria que vamos fazer nos contratos das empresas, vamos aumentar para todas as cidades".
Mobilidade urbana
"A SC-401 recebeu uma nova faixa de trânsito, a terceira faixa. Isso que eu pergunto, esse é o caminho que a cidade quer tomar? A gente tem um exemplo recente, a terceira faixa na via expressa. Ajudou? Ajudou bastante, mas no horário de pico todo mundo sabe que a fila fica dentro das três faixas. Não se fala em faixa exclusiva para o transporte coletivo e a gente precisa repactuar a ideia cultural em Florianópolis, a cidade cresceu demais e nós temos limites. É uma cidade sensível no ponto de vista ambiental, no ponto de vista de engenharia, para poder se ampliar vias. Toda vez que vem um projeto de via, a cidade já está saturada. Não temos uma engenharia de trânsito em Florianópolis, quem faz esse trabalho é a Guarda Municipal, que se esforça, mas quando está um caos na cidade, é um Guarda com um celular na mão e um cone perguntando qual via fechar"
"A gente tem R$ 4 bilhões de orçamento, a gente precisa estruturar o IPUF [Instituto De Planejamento Urbano de Florianópolis] com engenharia de trânsito, pessoas capacitadas para que a gente possa estudar cada ponto da nossa cidade e poder levar desse diagnóstico para a gente saber que tem uma solução para que a gente possa aplicar e resolver o problema da cidade. O projeto que a gente quer apresentar para a cidade é um projeto de 10, 20, 30, 40, 50 anos".
Relações políticas com o governador Jorginho Mello (PL)
"Vai ser republicana, o exemplo vem do nosso jeito PT de governar, o nosso presidente Lula ensina como fazer a política como um estadista. Já vieram 29 ministros e nenhum foi recebido pelo governador ou prefeito. Vou sentar com o governador, tenho certeza que vai nos receber, não vai deixar de receber o nossos projetos. A gente tem que pensar que tem um país com muita coisa para receber".