O Brasil passa por dificuldades econômicas graves, com aumento da pobreza, queda na arrecadação e famílias sendo forçadas a escolher entre o aluguel e a alimentação. E, em meio a esse cenário, a Câmara dos Deputados aprovou a criação de 160 cargos comissionados e 40 vagas na Polícia Judicial do Supremo Tribunal Federal (STF), com um custo estimado em R$ 7,8 milhões por ano — podendo ultrapassar os R$ 22 milhões em três anos.
É um escárnio.
Mas o que mais revoltou foi ver o deputado Daniel Freitas (PL‑SC), conhecido por sua postura bolsonarista, votar a favor desse absurdo. Sim, o mesmo deputado que fez campanha dizendo defender o fim de privilégios e a contenção de gastos públicos. Votou junto com o PT, PSOL e toda essa turma que há anos apoia o inchaço da máquina pública. E agora vem a público alegar que “votou errado”.
Ora, deputado, votou errado aqui, no Japão ou na China, o resultado é o mesmo: o povo pagará a conta.
É uma vergonha. Vindo do PT catarinense, que historicamente defende mais estrutura estatal e criação de cargos, ninguém se surpreende. Mas vindo do PL, do partido que se diz defensor da austeridade e da moralidade, é um tapa na cara dos eleitores.
Essa aprovação não só amplia o custo da Justiça brasileira — que já é a mais cara do mundo — como mostra o descolamento completo de nossos representantes da realidade do povo. O STF, com seus luxos e supersalários, não precisa de mais cargos. Precisa de mais responsabilidade, mais simplicidade e mais conexão com quem sustenta esse sistema: o povo.
Daniel Freitas, com esse voto, rasgou o discurso que o elegeu. E aos eleitores que apertaram o número dele na urna: é hora de refletir. Talvez fosse o caso de, simbolicamente, “amputar o dedo” usado para votar, para nunca mais repetir esse erro.
O Brasil não pode continuar premiando a incoerência. A cada novo escândalo de desperdício público, é o povo que sangra. Criar cargos no STF, em plena crise, é inaceitável. E ter parlamentares da “direita” se aliando a esse tipo de proposta é, no mínimo, lamentável.