Texto: Professor Miguel João Simão
Escritor e Pesquisador
O dia 26 de janeiro de 2007, seria um dia normal no calendário da família Faria, de Canto dos Ganchos, se não fosse a tristeza que tomou conta, deixando a velha mãe Diquinha, e a esposa Valdira, com suas duas filhas Viviane e Vânia, sem chão.
Isso, porque Auri, tinha sérios problemas cardíacos, e foi a Florianópolis fazer um exame de colonoscopia e acabou falecendo. Há quem diga que esses procedimentos para quem é cardíaco não é apropriado e tem que ter sérios cuidados.
Auri Pedro Faria, nasceu no Jordão no dia 08 de junho de 1948, filho de Pedro Honorato Filho, o seu Pedrinho ou Pedro Paulino, como era conhecido. (O apelido “Paulino” vem do nome da mãe, que em solteira se chamava Maria Paulina), e de Arami da Silva Honorato, conhecida por ‘Diquinha”.
Pedro Honorato filho, natural de Jordão, foi criado numa família de agricultores, filho do casal Pedro Honorato Faria e de dona Maria Paulina Custódio da Silva.
Desde cedo se mostrou habilidoso para os trabalhos de carpinteiro. Desenvolveu a vontade de ser um profissional e aperfeiçoou-se, sendo um dos melhores carpinteiros da região.
Diquinha, nasceu no Canto dos Ganchos, filha do casal Tiago Joaquim da Silva e de dona Rosa Avelina da Silva.
Pedrinho, conheceu Diquinha, e viu nela a moça ideal para tornar-se sua esposa, casando-se nos anos da década de 1940.
Pedrinho e Diquinha sonhavam em ter casa própria, e construir uma família com muitos filhos. E tiveram, ao total 9 filhos, (dois faleceram ainda pequenos). Os demais: Auri, Neusita (Zita), a Neusete (Zete), a Neide (Preta),Airton (Nen),a Nerli (Lica) e o Arildo (Dé), cresceram conquistaram seus espaços e construíram suas famílias
Pedrinho, tinha que se deslocar para outros bairros, muitas vezes a pé para poder trabalhar, o que não era viável, pois perdia tempo, aumentava o cansaço e acabava chegando tarde em casa, para no outro dia começar nova batalha atrás do sustento da família.
Nos finais dos anos da década de 1960 Ganchos começava a crescer em virtude da indústria pesqueira e isso gerava mais emprego e renda. Foi aí que Pedrinho mudou para Canto dos Ganchos, pois com o crescimento da indústria pesqueira aumentava a procura de trabalho na área dele.
Os filhos logo se adaptaram a nova terra e não foi fácil fazer novas amizades, isso levou o filho Auri a participar do time de futebol local como goleiro. Canto Futebol Clube (CFC), era o nome do time, distração e alegria nos finais de semana quando recebiam no campo do Calheiros times de Tijucas, Armação, Ganchos do Meio, Timbé, Biguaçu, Sorocaba e outros. Esse time (CFC) já tinha sido organizado desde os anos de 1950 e durou até os anos da década de 1960.
Filho mais velho do casal, Auri acordava cedo todos os dias, e junto com o pai saía para construir e reformar casas. Auri trabalhou muito de ajudante de carpinteiro, desde pequeno começou na lida. Enquanto ele ajudava Pedrinho, seus dois irmãos dividiam outras tarefas em casa, as irmãs no trabalho das salgas e Diquinha na máquina de costura.
A família que veio do Jordão, logo com ajuda de todos, venceu os obstáculos.
Nessas idas e vindas, de construção a construção, Auri conhece Valdira quando ajudava o pai na construção da casa do senhor Jaime dos Passos.
Era ali que Valdira, morava perto de onde estava sendo construída a casa do Jaime Passos. Contam, que por vezes ele parava de pregar para ficar olhando para a casa da moça, e Pedrinho metia a bronca pois não podia parar o trabalho. Mas foi nesses olhares que nasceu o amor entre os dois.
Filha do casal Graciliano Guilherme Baldança, conhecido por Mindoca e de dona Lavína Maria Baldança,Valdira ajudava a mãe em casa e trabalhava na salga Ander S/A, antes LA SERENA, do empresário Angelo de Ricco e administrada por Alcebíades João Simão.
No dia 27 de janeiro de 1973 é realizado o casamento de Auri e Valdira, no cartório de Ganchos – Governador Celso Ramos.
Nessa época Auri já era pescador profissional, profissão que iniciou na região como ajudante, e em 1964 teve seu primeiro embarque em barco de pesca industrial datado de 16 de outubro de 1964.
O filho do seu Pedrinho aprendeu todas as técnicas de manejo de um barco de pesca e tudo sobre os pesqueiros. Isso o levou a fazer a carta de “Patrão de Pesca” ou “Mestre de Barcos”. No dia 13 de outubro de 1978, recebe das mãos do Capitão da Fragata e Chefe do Departamento de Pessoal da Marinha Mercante, Ruy Florentino da Rocha, o Certificado para exercer a função de Patrão de Pesca Costeira. Esse sempre foi o maior troféu para o pescador, que ao receber o certificado, de forma orgulhosa sabia que tinha valido a pena ter sofrido num convés de barco para aprender as habilidades da pesca.
O pescador, agora “Mestre de Barcos”, busca outros horizontes. Formar equipe de bordo e ir a luta, em busca do pescado é o foco.
Auri desenvolveu bem sua função de pescador, de mestre de barcos, de filho e de esposo, de pai e avô.
Teve muitas alegrias na vida, mas três delas destacamos pela importância e pelo tamanho da alegria que ele viveu.
A data de 11 de janeiro de 1974 quando nasceu a primeira filha, Viviani, a data de 31 de janeiro de 1976 quando nasceu a segunda filha, Vânia, e o nascimento do neto Augusto Faria Miranda. Augusto é filho de Vânia e de Evandro Miranda.
Homem que teve sua marca importante na vida profissional de várias pessoas, cidadão do bem, gancheiro com orgulho de ter nascido nessas terras de Governador Celso Ramos, Auri Pero Faria deixou a saudade para a família e para os amigos.