Coluna do Décio: Documento policial complicam Ed Pereira

Suposta propina na coleta de lixo e até mesmo no estacionamento da Fenaostra prorrogam afastamento de ex-secretário.

Pelo jeito a coisa está se complicando cada vez mais para o ex-vereador e ex-secretário de Florianópolis Ed Pereira.

Segundo documento da polícia civil, que investiga casos de corrupção na prefeitura de Florianópolis através da Operação Presságio, pesa sob Pereira desvios de dinheiro público em eventos esportivos e até mesmo, vejam só, na suspeita de desvios em um estacionamento da Festa Nacional da Ostra (Fenaostra) em 2023.

Segundo reportagem publicada no portal NSC notícias No esquema, pessoas ligadas a uma organização social que seria controlada pelo ex-secretário de Turismo, Cultura e Esporte de Florianópolis, Ed Pereira (União Brasil), emitiriam notas fiscais falsas e devolveriam recursos para o próprio secretário. A investigação também encontrou uma suspeita de desvio de recursos em um estacionamento da Fenaostra, em novembro de 2023.”

A reportagem informa também que “a maior parte das informações reveladas pela investigação no documento foram localizadas no telefone celular de Renê Raul Justino, diretor de projetos da Fundação Franklin Cascaes, submetida à Secretaria de Turismo, Cultura e Esporte, comandada por Ed Pereira. Em um áudio obtido pela investigação, Renê falaria com um interlocutor do ramo de lutas sobre uma prática de realização de eventos esportivos, com recursos da prefeitura, em que parte dos valores seria desviada para ser repassada ao chefe dele, o então secretário Ed Pereira”

Olha o que diz um áudio de Renê: “Cara, como é que é, o ED ia precisar em torno de 60, 70 pau, tá ligado? Esse é o grande lance dele, isso limpo né. Então qual era o grande lance do evento, fazer o evento entre 150 e 120 pila, sacou? Porquê daí o que que acontece, ah vamos supor que é 150, tá ligado, 75 pra realização do evento, 75 pro ED”, diz Renê no áudio divulgado pela investigação” (trechos escritos conforme as transcrições relatadas no documento da Polícia Civil).

Segundo Renê, o dinheiro ajudaria Ed a pagar dívidas:

“(…) Esses setenta pau pro ED limpo, ele paga boa parte do que ele precisa, sabe? Porque ele tá pagando dívida de campanha né, ele vai pagar a gráfica, que era 20 pau da gráfica e vai jogar 50 pau pro cunhado dele, que ele deve 300 pau pro cunhado dele! Por favor, esse áudio não pode sair daqui.”

E pelo jeito a corrupção não ficou só nesse caso. Em outro áudio Renê exemplifica outro evento em que essa prática teria sido adotada e que o organizador teria “limpado oitenta pau [oitenta mil reais] pro ED”.

A matéria jornalística do portal NSC salienta que “outra suspeita apontada pela investigação envolve pagamentos feitos a organizações sociais, uma delas chamada Instituto Bem Possível, que segundo os investigadores seria controlada por Ed Pereira. O documento apresentado à Justiça apresenta uma planilha de pessoas que seriam pagas por meio do projeto social. Em uma conversa, Ed teria chegado a propor alterações nos valores pagos a quem 

aparece na lista, o que indicaria o controle do então secretário sobre a organização.

“Apurou-se que as pessoas que recebem valores através de Organizações Sociais, emitem notas fiscais frias, referente a prestação de serviço, que não foi devidamente prestado e após receberem os valores, fazem a restituição, geralmente para Renê”, diz um trecho da representação da Polícia Civil.”

Continua a reportagem: “A investigação também apura uma suposta transferência de R$ 14,7 mil da conta do Instituto Bem Possível para a conta bancária de Samantha Brose, esposa de Ed Pereira e assessora de um parlamentar na Câmara de Vereadores de Florianópolis na data da deflagração da Operação Presságio. Outro pagamento de R$ 16 mil feito por Renê a Samantha também é alvo de apuração. Segundo a polícia, o valor seria referente ao pagamento de notas fiscais frias emitidas por pessoas ligadas à organização social controlada pelo próprio grupo.”

Já sobre o estacionamento, o documento da polícia civil traz a seguinte informação que prova que o grupo tinha as mais diversas oportunidades para angariar recursos. Escreve o jornal NSC: “Um exemplo teria ocorrido em novembro de 2023, quando Ed Pereira teria enviado uma mensagem a Renê afirmando que o estacionamento iria “livrar as coisas”. Segundo a polícia, seria uma referência a uma cobrança de estacionamento feita na Festa Nacional da Ostra (Fenaostra).

Em um áudio enviado a Ed Pereira pelo WhatsApp, Renê relata que a Polícia Militar teria comparecido ao local e questionado o destino do valor pago pelos motoristas. Por precaução, ele teria mandado “esconder tudo”. Um trecho da transcrição apresentada pela investigação detalha o caso:

“Os caras queriam saber de quem era o estacionamento, se era particular, se era privado, se tinha maquininha, se a maquininha estava tirando o comprovante, se sai em nome da prefeitura se sai de privado, particular, ele mandou tirar cone da pista, pra deixar só um ou dois aqui. Mandou também é, diz que vai mandar pra cima para ver de quem é esse estacionamento, pra quem que tá indo, pra ver pra quem que tá arrecadando, que pode ser corrupção, e pa pa pa”.

Na sequência da conversa, Ed Pereira teria perguntado em mensagem de texto quantos carros teriam estacionado no local no dia anterior e se “vale o risco”. Renê novamente responde por áudio:

“Cara de verdade acho que não vale, ontem deu movimento de dois pila e pouco”.

Foto: Ed Pereira: documento policial complica cada vez mais sua situação (Foto Divulgação)


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