Na semana retrasada os vereadores aprovaram por ampla maioria a reforma administrativa enviada pelo prefeito Salmir Silva (MDB) que cria mais cargos na administração municipal. Em paralelo corre também nos corredores da câmara as articulações para um projeto de reforma administrativa para o legislativo municipal que será apresentado e votado em breve.
Como é natural numa democracia existem os que são a favor e contra. Muito mais numa câmara de vereadores.
No entanto o que está acontecendo é que muito vereadores da situação estão incomodados com a postura da vereadora oposicionista Bia Borba (PL) que votou contra e usa as redes sociais para divulgar de forma pejorativa a reforma esquecendo atos, segundo esses vereadores da situação, da própria Borba e do seu passado como assessora parlamentar. A bancada da atual gestão, que aprovou a reforma, salienta que respeita o posicionamento da vereadora oposicionista, mas não concorda com que ela fala e divulga em suas redes sociais.
Antes de citar o que foi dito, vale lembrar ao leitor que Bia Borba é uma jovem mulher de 19 anos eleita pelo conservadorismo e Bolsonarismo com mais de 900 votos por causa da força e seguidores que tem em suas plataformas digitais. Foi uma das grandes surpresas eleitorais nas eleições para vereadora na cidade no ano passado e conta com o apoio de deputados estaduais como Ana Campagnolo (a mais votada em SC para a assembleia) e federal como Júlia Zanatta (ambas do PL). Bia já é reconhecida estadual e até mesmo nacionalmente e publica fotos abraçadas com as deputadas já citadas além de Nikolas Ferreira (o deputado federal de MG mais votado do país) e o casal Jair e Michelle Bolsonaro (ex-presidente e ex-primeira dama do Brasil).
Foto: Vereadora Bia vota contra reforma administrativa e é alvo de críticas dos vereadores da situação (Foto Divulgação)
Técnica “Pablo Marçal”
Caloura, Bia Borba empolgou-se como vereadora empossada. A jovem publica ações, críticas e sugestões. É a típica política moderna que usa e abusa das redes sociais usando aqueles tradicionais cortes, conhecido como estratégia "Pablo Marçal", onde só aparece a parte boa da filmagem tirando-o de um contexto não publicando o trecho “ruim” se por acaso existir.
Um exemplo foi a filmagem que o leitor poderá clicar e visualizar abaixo publicado no instagram dela. Ali a vereadora apresenta um vídeo de um comentário que faz na tribuna. Mas nessa gravação não aparece o que aconteceu na íntegra. A parte em que Bia sugere que poderia se calcular o preço da taxa de lixo de acordo com o número de pessoas que moram dentro de uma residência é retirado. Esse mico é escondido do público inclusive a seção do vereador João Luz (PODEMOS) que pede uma parte para esclarecer a Borba que esse comentário não procede pois, assim como o IPVA de um carro, que não é calculado de acordo com o número de pessoas que estarão deslocando dentro de um veículo, não se poderia também calcular a taxa de lixo usando o número de pessoas que moram numa casa por exemplo.
Luz fez esse comentário de forma educada, até para “ensinar” Borba. Quem nunca teve um raciocínio equivocado?
https://www.instagram.com/share/BAEwBelOW4
Acima o link do Instagram da Bia: Vídeo tem um corte na parte em que a vereadora comete um “mico”
“Um salário mínimo por dia gasto por uma deputada”, acusa Chimia
No entanto esses cortes, a postura e as críticas de Bia estão fazendo com que a vereadora arrume desafetos principalmente anônimos. E isso já está ficando claro pelos comentários em rodas de políticos e recentemente pelo que disse o vereador do CIDADANIA.
Na sessão do dia 17/02 o vereador Chimia falou que recebeu em seu WhatsApp app um print de uma reportagem citando uma deputada estadual (ele não disse quem era) que “recebeu um salário mínimo por dia com diárias para viajar”.
Não precisa ser gênio para saber de qual deputada Chimia refere-se, até porque a repercussão sobre esse fato foi enorme na época. A falação do vereador trata-se de Ana Campagnolo (PL). Só para o leitor ter ideia, de janeiro ao fim de outubro de 2023, a parlamentar gastou praticamente um salário mínimo por dia com passagens aéreas pra ela e para seus assessores.
Por que o vereador, do nada, levantou esse assunto de uma deputada na sessão da câmara de Biguaçu? Obviamente para atingir Borba, que foi assessora de Campagnolo durante quase 2 anos.
Foto: Chimia: indireta sobre assunto estadual para atingir vereadora da oposição (Foto Divulgação)
Foto Reprodução: O gasto em diárias da Deputada Estadual Ana Campagnolo foi manchete da mídia em 2023 (Foto Divulgação)
“Atitudes paradoxais”
Pelo jeito Bia vêm incomodando porque sua maneira de fazer política, a reportagem do jornal não vai opinar se está correto ou não, tem trazendo muitas críticas que tendem a crescer. Um vereador da base do governo Salmir confidenciou ao jornal, que já mandou levantar se a vereadora liberal recebeu também diárias e quanto na época em que ela foi assessora parlamentar na ALESC. Perguntado o porque dessa atitude o edil respondeu que precisa dessa informação para confrontar com a vereadora caso ela critique algo em que esse fato a desmoralize. Ou seja: parece até que a câmara voltou ao período eleitoral, onde um grupo busca informações que comprometem o outro lado para acalorar as discussões.
Mas antes que isso acelere muitos já estão questionando as “ações paradoxais” de Bia. Eles dizem que ela “bate em Chico mas não em Francisco”.
Na defesa do voto contrário a reforma administrativa, Borba diz que cargos criados como o prefeito gerou deveriam ser preenchidos através de concurso público.
O jornais em Foco teve acesso a conversa num grupo de whats app, que tem vereadores da base de sustentação da atual gestão, questionando o seguinte: “por que a vereadora Bia não manda embora os 3 assessores que tem na câmara e faz um concurso para contratar esses profissionais do mesmo jeito que ela prega?”
E não pouparam críticas. Emendaram dizendo que “a própria vereadora foi assessora , sem participar de concurso público, por 2 anos, da deputada estadual Ana Campagnolo lá na Assembleia Legislativa. Porque a Bia não entregou o cargo e exigiu que fizessem um concurso público para ela poder participar de uma prova e, se passasse, assumisse a assessoria na época?”
Mais de 75 mil reais de dinheiro público para a campanha da Bia
Nem sobre o valor da verba eleitoral que a vereadora recebeu para gastar na campanha foi poupado. No diálogo os vereadores falam e publicam um print da tela do TRE que demonstra que a então candidata Bia Borba recebeu mais de 75 mil reais de verba partidária (Bia diz que foi 70 mil) e desse valor quase 50 mil reais foram gastos em impulsionamento da sua campanha nas redes sociais. Os críticos se espantam com o valor público dado a uma candidata proporcional nunca visto antes na cidade.
Diante disso eles acham uma incoerência muito grande uma pessoa que recebeu tanto dinheiro para se candidatar criticar que a criação de cargos onera os cofres públicos.
Reforma administrativa na câmara municipal
Está tramitando nos corredores da câmara uma reforma que também cria mais cargos no legislativo e aumento de salário para os que já têm e também para os vereadores.
Até sobre esse tema a única mulher vereadora de Biguaçu é censurada. Segundo as conversas que a coluna teve acesso Bia Borba e seu principal assessor são favoráveis a essa reforma. O presidente da câmara, João Luz, está sentando com todos os vereadores e ouvindo deles suas posições para amadurecer a reforma legislativa e diz que não recebeu críticas de parlamentar algum. Em breve a reforma administrativa do legislativo vai entrar em pauta, até por que é um mal necessário. Se a vereadora vai ser a favor da criação de cargos e aumento de salários que atinge ela mesma e seus assessores ou não, só o futuro dirá.
Vereadora defende-se das críticas
A reportagem entrou em contato com Bia Borba, que encontra-se hoje (19-02-2025) em Brasília num evento conforme ela informou. Como todo político que leva críticas, a vereadora ficou “ensabiada” com os questionamentos que recebeu e chegou a fazer um comentário nada republicano. A direção do jornal entende, até pela juventude da vereadora prodígio, mas não poderia deixar de retratar o que está acontecendo nos bastidores da câmara de vereadores de Biguaçu. O registro para a posteridade é indiscutível e as informações a sociedade tem que saber, inclusive a vereadora que recebe críticas. O meio de comunicação que escreve o que acontece não pode ser o culpado das informações que levanta. A vereadora não precisa se preocupar com a imprensa, que está fazendo o seu papel, e sim com seus pares. A própria Bia reclamou via whats app que não sabe mais em quem confiar demonstrando seu desconforto dentro da câmara municipal.
A verdade é que Borba vem se despontando como uma nova liderança na cidade e está fazendo seu papel de oposição. Não cabe ao jornal optar se o que ela está exercendo e a maneira como a vereadora faz isso é equivocado ou não, mas vale o alerta e a sensação de dever cumprido expondo ao público, que é o que o jornais em Foco mais visa, dos bastidores do que está acontecendo hoje na câmara municial.
Por whats app a vereadora recebeu a explicação do que estava acontecendo e informada das criticas que estava sendo alvo. Abaixo as perguntas, todas elas baseadas nas críticas de seus pares e as respostas da vereadora:
Jornal: Por que você votou contra a reforma administrativa?
Bia: Votei contra porque a reforma aumenta os gastos do município em um momento delicado, no qual precisamos solicitar repasses de verba do Estado e da União para resolver a crise hídrica. Acredito que qualquer mudança com impacto orçamentário milionário deve ser amplamente debatida com a sociedade.
Jornal: Sobre a critica de você não criar um concurso público para os 3 cargos do seu gabinete e porque você não foi contra assumir um cargo de assessora parlamentar estadual sem concurso público, o que você tem a falar?
Bia: Como vereadora, não tenho autonomia para lançar um edital de concurso público para preencher vagas no meu gabinete, assim como a deputada Ana Campagnolo também não tem essa prerrogativa. No entanto, exceto a posição de chefe de gabinete, todas as minhas duas contratações passaram por processo seletivo para garantir a qualificação necessária ao cargo. Da mesma forma, comprovei minha capacidade ao denunciar o fato ocorrido em minha escola, o que levou à criação de um decreto estadual.
Jornal: A respeito dos 75 mil reais de dinheiro público que você ganhou para sua campanha. Você critica gastos exorbitantes da prefeitura nessa reforma administrativa e como você considera esse que valor público que você recebeu para campanha?
Bia: O valor mencionado parece inflado, pois, conforme consta na prestação de contas da minha campanha, recebi R$ 70.000,00 (setenta mil reais) de repasses do fundo eleitoral. Quanto à acusação de hipocrisia, destaco que:
A: O fundo eleitoral vem da União, não da receita da prefeitura.
B: A maioria dos candidatos a vereador também recebeu e utilizou essa verba. Caso eu recusasse o valor destinado a mim, ele seria repassado a outro candidato, sem gerar economia aos cofres públicos. Acredito que comentários desse tipo surgem de outras candidaturas que, não obtendo a valorização necessária dos seus partidos, preferem se ressentir comigo pois meu partido me valorizou de maneira suficiente para fornecer uma verba dessa grandeza.
C: Investi esse valor na campanha, mas já consegui trazer uma emenda de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) para o município, o que representa um saldo positivo de R$ 130.000,00 (cento e trinta mil reais) em apenas dois meses de mandato
Jornal: Também criticam o fato de você idolatrar a deputada Ana Campgnolo. Qual sua posição sobre o fato de que num período em 2023 ela gastou praticamente um salário mínimo por dia em diárias?
Bia: A única pessoa que pode responder sobre os gastos da deputada é ela mesma e seu gabinete. Se a lógica é que cada um deve responder por seus aliados, então a atual gestão e a base do governo teriam muito mais a esclarecer, visto que, em 2022, apoiaram a reeleição de Carlos Moisés mesmo após o escândalo dos respiradores. Para mais informações, sugiro que entre em contato com o gabinete da deputada pelo telefone (48) 3221-2686.
Jornal: E você como assessora parlamentar da deputada nessa época, você recebeu diárias? Caso positivo: em que período e quanto?
Bia: Durante o pouco mais de um ano em que trabalhei no gabinete da deputada, recebi apenas uma diária no valor de R$ 585,00 (quinhentos e oitenta e cinco reais). Envio o documento em anexo, retirado do site de transparência da ALESC, onde qualquer cidadão pode acessar e conferir essas informações.
Foto: Vereadora Bia apresenta documento que comprova gasto com diária quando foi assessora parlamentar (Foto Divulgação)