Durante a pandemia, a enfermeira Sara Marinho chegou a engordar cerca de 15 quilos. Desejando baixar seu peso, recorreu a um médico, que lhe receitou o Ozempic. A medicação tinha acabado de ser lançada no Brasil, vinda dos Estados Unidos. Na época, o Ozempic custava cerca de R$ 600 e só podia ser comprado com receita médica.
O tratamento começou com uma dosagem de 0,25 mg e aumentou gradativamente. A enfermeira conta que perdeu cerca de oito quilos em dois meses, mas não esperava por alguns efeitos colaterais. "Eu fui inventar de beber porque era o meu aniversário. Passei muito mal, vomitei muito. Foi horrível e traumático. Além disso, tive diversos efeitos colaterais como sudorese e fraqueza", conta.
O desafio de manter o peso ideal e a busca pela magreza foram fatores que impulsionaram o aumento significativo no uso de medicamentos para emagrecimento, como o Ozempic. Este fármaco, indicado clinicamente para o controle da Diabetes Mellitus tipo 2 e obesidade, atua diminuindo os níveis de glicose no sangue e controlando o apetite.
"Ao controlar os níveis de glicose no sangue e promover a sensação de saciedade no cérebro, o Ozempic reduz o apetite e a ingestão de alimentos, levando assim ao emagrecimento", explica a farmacêutica e professora da Wyden e IDOMED, Rayssa Bueno.
Com os resultados positivos, as vendas do medicamento dispararam. Dados da indústria farmacêutica indicam que o consumo de Ozempic aumentou 91% em 2023. O aumento do consumo de Ozempic também se deve à influência de celebridades, que relataram sucesso na perda de peso com o uso do medicamento.
No entanto, Rayssa Bueno alerta sobre os riscos do uso indiscriminado: "O uso do Ozempic sem prescrição médica e para fins estéticos é desaconselhado. Pode provocar efeitos colaterais como obstrução intestinal, pancreatite, gastroparesia, redução da mobilidade do trato gastrointestinal e até mesmo câncer", alerta.
Para aqueles que consideram o uso de Ozempic para perda de peso, a recomendação é clara: "Os pacientes devem buscar o acompanhamento contínuo de profissionais médicos, que ajustarão as doses conforme a realidade clínica de cada um. Mudanças no estilo de vida, com uma melhor alimentação, inclusão de atividades físicas e equilíbrio emocional, são cruciais para o sucesso do tratamento", orienta Rayssa.