Biguaçu: Tradicionais festas eram marca da cidade

Em 1993, foi criada a Bigfesta, em comemoração ao aniversário do município de Biguaçu.

Bigfesta em 1993: festa criada na administração do então prefeito Sadi Peixoto (1993-1996). Para Sadi, os aniversários de Biguaçu não poderiam mais “passar em branco”. A Bigfesta cresceu ao longo das décadas seguintes. (Foto: Arquivo JBFoco)

Quando São Miguel tornou-se “vila” em 17 de maio de 1833, a atual cidade de Biguaçu, situada na foz do rio de mesmo nome, cinco quilômetros ao sul de São Miguel, nem existia. Não passava de um mangue rodeado de mato, inundado volta e meia pelas periódicas cheias do rio Biguaçu. As primeiras ruas na foz do rio Biguaçu surgiram por volta de 1849, observa o historiador Iaponan Soares. Acredita-se que houve antes um ou outro morador esporádico na região, mas não eram em número suficiente que se justificasse dizer que, juntos, formassem uma “cidade”. Colonos de origem alemã de um lado e agricultores descendentes de açorianos de outro foram ocupando o interior do vale do rio Biguaçu. Seu número foi crescendo entre 1836 a 1852, ou seja, por volta da década de 1850, Biguaçu já começava a ter cara de “cidade”. Com o avanço da ocupação humana na região através da agricultura, a floresta local foi sendo devastada ao ponto que, no final do século XIX, já havia um intenso comércio de madeira. As toras eram jogadas no rio Biguaçu, sendo levadas pela correnteza. Já na foz do rio, as toras eram recolhidas e transportadas para serem vendidas na capital do estado, quando não exportadas para outras cidades. Aos poucos, a foz do rio Biguaçu foi sendo povoada. O comércio da madeira ajudou nisso; a proximidade da capital Desterro também. Afinal, sendo capital, havia mais população. Portanto, era um mercado de consumo para os produtos de Biguaçu. Na capital, colonos da região vendiam madeira, farinha, cana e outros produtos agrícolas. Biguaçu crescia em função do comércio. Enquanto isso, perdia população a vizinha sede do município, São Miguel, onde estavam instalados o fórum (Justiça) e a Intendência (Poder Administrativo). Afinal, São Miguel sofria volta e meia com surtos de malária. Por ironia do destino e inexplicavelmente, na foz do rio Biguaçu, não havia surtos de malária, pelo menos não tão epidêmicos como em São Miguel. Pois é! Muitas famílias de São Miguel acabaram saindo de lá para se instalarem em Biguaçu que crescia mais ainda depois de 1873, quando foi erguida a igreja católica local. Era a matriz São João Evangelista. Na época, era uma capelinha erguida num campo seco no meio de um grande mangue. O campo ficava onde hoje situa-se a praça central de Biguaçu, a Nereu Ramos. Biguaçu tinha mais população e comércio do que São Miguel.

Mas o poder político estava em São Miguel. Certos biguaçuenses achavam que isso estava errado. Entre eles, um comerciante chamado João Nicolau Born (1846-1911). Já em 1982, conforme “Município de Biguaçu: Dados Históricos”, de autoria desconhecida, documento este existente no arquivo da biblioteca pública da cidade, as festas naquela época já haviam diminuído para três:

“Calendário das festas mais importantes:

1) Festas do ciclo de Natal

2) Festa religiosa de Nossa Srª dos Navegantes

3) Festas Juninas, especialmente nos clubes e nas escolas.”

Em 1989, as festas de Biguaçu eram as seguintes, conforme informam Arlete Anderson Garcia e Onorina Laura Barreto em “Dados Históricos de Biguaçu”:
Fevereiro: Carnaval - é comemorado nos diversos clubes do Município.
Maio: Festa Religiosa de Nossa Senhora dos Navegantes, na Igreja Matriz.
Junho: Festa do Divino Espírito Santo, realizada em São Miguel, com a representação da família imperial, cortejo e peregrinação com a bandeira do Divino Espírito Santo. Festas juninas, comemorada especialmente nos clubes e escolas.
Julho: Festa do Colono, comemorada pelos colonos do Município.
Setembro: Festa da Independência, comemorada com desfile cívico de alunos nas escolas do Município.
Outubro: Festa religiosa de Santa Terezinha, organizada pelos jovens e dedicada a elas, realizada na Igreja Matriz.
Dezembro: Festa do ciclo de Natal.”

Em 1993, foi criada a Bigfesta, em comemoração ao aniversário do município de Biguaçu. Foi no governo do ex-prefeito Sadi Peixoto (1993-1996). Em 1997, surgiu a “Praça Cidadã”, no segundo mandato do prefeito Arlindo Corrêa (1997- 2000). Era uma festa em torno da praça Nereu Ramos, com barraquinhas mantidas por entidades filantrópicas e da sociedade organizada de Biguaçu. Esta festa acabou incorporada à Bigfesta.


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