Era 28 de janeiro de 1943. Esta foi a data em que um jovem padre chamado Rodolfo Machado assumiu a paróquia de Biguaçu. Na época, a cidade não passava de um literal vilarejo e o município não ultrapassava 3 mil habitantes e olha lá. Rodolfo trouxe uma ajudante, a senhora Paulina Brünning, que lhe havia prestado serviços na paróquia de São Pedro de Alcântara, na época um lugarejo do interior do município de São José. Fundada em 1870, a igreja matriz de Biguaçu, a São João Evangelista, já encontrava-se muito pequena em 1943. Parecia uma lata de sardinha porque não comportava com o mínimo de conforto os fiéis que a frequentavam para assistir as missas, principalmente as de domingo. Padre Rodolfo arregaçou as mangas. Mobilizou a comunidade de Biguaçu para construir uma nova igreja mais ampla. A antiga foi demolida. Em seu lugar, o padre comandou a construção da nova igreja que acabou inaugurada em 8 de maio de 1955. É a atual igreja em frente à
praça Nereu Ramos, no centro de Biguaçu. Machado foi além. Organizou campanhas de arrecadação de dinheiro e donativos para a construção de outras igrejas. Dona Paulina Brünning, por sua vez, ajudava na então recém criada Ação Social da Igreja, que tanto ajudou os carentes de Biguaçu.
Antes de padre Rodolfo e dona Paulina, a assistência social em Biguaçu não tinha nenhuma organização. Padre Rodolfo serviu a comunidade com muita dedicação. Em seu jipe, cansou de levar doentes e grávidas para os hospitais de Florianópolis, isso em qualquer hora do dia e da noite. Por seus contatos políticos, conseguiu
melhorias para os agricultores do município. Aliás, fundou o sindicato agrícola de Biguaçu e o primeiro jardim de infância da cidade, o Chapeuzinho Vermelho, hoje desativado. Dona Paulina, que falava perfeitamente alemão, era quem atendia os colonos de origem germânica do interior do município que solicitavam tanto serviços da igreja quanto ajuda comunitária. Ajudou muito os pobres como o padre Rodolfo. Padre Rodolfo, que ganhou nos anos 1960 o título de ‘Cônego’ pela igreja e cidadão honorário de Biguaçu pela Câmara Municipal, é hoje nome de rua na entrada do bairro de Fundos, de escola em Tijuquinhas e do primeiro edifício de Biguaçu maior que a torre de sua igreja matriz. Trata-se do residencial Cônego Rodolfo, um belo edifício de 12 andares construído bem no centro de Biguaçu entre 1997 e 1998 pelo empresário biguaçuense José Deschamps, popular “Castelo”.